Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Sexy Beasts e Brincando com Fogo: conexão emocional vale mais que sexual?
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Dois realitys de "namoro", lançados recentemente pela Netflix apostam na busca da conexão emocional para estabelecer relações afetivas-sexuais e desafiam a lógica da atração sexual como o motor para o sexo casual rápido e descartável.
Em "Sexy Beasts", um(a) jovem cansado de relações superficiais tem encontro às cegas com 3 candidatos(as), todos com rostos transformados por uma caracterização animal, extraterrestre ou fantástica, através de maquiagem ou máscaras - sim, é bem estranho: tem para todos os gostos: golfinho, panda, corsa, bruxa, ET.
Depois de conversar e praticar atividades com cada um deles, o proponente vai pela exclusão, e só então é revelada(o) o rosto do candidato que descartou: "Nossa, que gata, estou arrependido" é o que alguns acabam dizendo, revelando que a atração física continua sendo um forte mobilizador na busca de parcerias.
Outro programa que aposta no investimento emocional e no conhecimento da outra pessoa, retardando o encontro sexual é "Brincando com Fogo". Aqui, os jovens transantes, perdem dinheiro caso tenham interação física com alguém. Aliás, eu participo do terceiro episódio da nova temporada da versão nacional, fazendo um quiz e conversando com os participantes sobre sexo e desejo.
Uma pesquisa australiana revelou que as características preferidas para uma parceria considerada 'ideal' se agrupam em 3 categorias: estética, recursos e personalidade.
Embora as mulheres tenham citado mais características das 3 categorias e os homens tenham dado mais ênfase na estética, quanto mais velhos os pesquisados, mais a beleza física foi perdendo força e dando lugar para uma personalidade aberta e confiante como fator relevante para a escolha de um(a) parceiro(a).
Aliás, não faltam falas dessas em candidatas em Sexy Beasts: "não quero que fiquem comigo só por causa da minha aparência" - uma questão mais do que comum para o grupo feminino, que luta contra essa normativa sobre o padrão estético para ser desejada por um homem. Aliás, ao terem seu rosto revelado após terem sido "excluídos" por falta de "conexão", muitos participantes mostram que não ser escolhido na competição deixa um gosto amargo na boca: espero que ele(a) se lembre para sempre o que perdeu"
"Sexy Beasts" aposta também no componente "mágico". Me lembra 'A Bela e a Fera', conto de fadas onde a protagonista está encarcerada no castelo de um tipo de homem-besta, e acaba se apaixonando por ele, ao conhecê-lo melhor, quebrando o feitiço a que ele estava tomado, pois na verdade a besta era um príncipe. O reality tem esse apelo da magia do amor, e não poucas são as vezes que os participantes verbalizam o desejo de encontrar, finalmente, o seu 'verdadeiro amor'.
Em 'Brincado com Fogo', os participantes estão em uma casa maravilhosa em lugar paradisíaco, com os corpos à mostra e com muito tempo livre, tendo que conviver em grupo evitando a qualquer custo se entregarem para os prazeres da carne. Além disso são convidados a fazerem reflexões sobre a maneira como lidam com a sua sexualidade, e desafiados a criar conexão com alguém.
Não que a nova geração, essa que chama de cringe o modo de funcionamento de seus colegas da geração anterior, vá encaretar de vez e abandonar a fluidez das relações. Os y conhecem como ninguém a possibilidade de experimentar o amor e o desejo em várias possibilidades: dá para viver com o amor fraterno, ser sexualmente feliz variando parcerias e participar de sessões de sadomasoquismo com colegas que curtam o mesmo fetiche. Mas essa multiplicidade tem também o seu preço a pagar. Se não fosse a "falta" da tal conexão emocional que dure mais do que poucos encontros, não pipocariam programas como esses, que fazem um sucesso enorme mundo afora.
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