Do que chamar vulva da mulher na hora do sexo? Elas respondem

Vagina. Nome científico do canal reprodutor feminino, que vai do colo do útero à vulva. Do latim vagina, significa bainha - como a bainha das espadas. Genericamente, é "algo que envolve outra coisa", metaforicamente a "espada", no caso. Uma redução, sabemos, já que vagina envolve muitas outras coisas, desde identidade, prazer, maternidade, etc e tal e nem toda vagina gosta de receber algo dentro, ainda mais se a "espada" é cortante e violenta. Fica a reflexão.

Vulva. Nome que se dá à parte externa, que inclui monte do púbis, pequenos e grandes lábios, clitóris, a abertura da uretra e a abertura do canal vaginal. Também deriva do latim volva e foi definida como "porta do ventre".

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Os termos cunnus, pudendum muliebre e pudendum femininum, referindo-se às partes pudendas, íntimas, que despertam pudor, foram suplantados pelo termo "vulva" nos dicionários médicos e livros de anatomia ao longo dos séculos.
Ainda bem. Imagina um pênis ou dildo entrando pela abertura do pudendum muliebre?

Andei perguntando para muitas mulheres, de vários estados do Brasil, como gostam que chamem os seus genitais e fiz algumas considerações. Vamos a elas:

Há uma diferença básica entre se referir aos genitais durante uma conversa que tenha mulheres participando, numa cantada ou durante o sexo.

Boceta é quase uma unanimidade na hora da transa, mas um termo pessimamente avaliado quando é usado fora da cama. Soa grosseiro. Aliás, o termo significa pequena caixa oval usada para guardar objetos de valor. Achei um lance meio espiritual e poético, como nos versos do Cântico dos Cânticos, ou nos escritos do Kama Sutra. Não fosse o fato de que o "objeto de valor" no caso é menção ao pênis, que embora tenha sua óbvia qualidade, não pode ser o único a receber essa distinção.

Bocetinha, xoxotinha, xaninha, embora a meu ver tornem a vagina e a vulva singelas e frágeis, quase meninas (aliás, "menina" também é um termo usado), e reforcem uma visão da sexualidade feminina muito submissa e virginal, são termos que muitas mulheres curtem, principalmente as mais tímidas ou quando são usados em transas do tipo "gostosinhas", sem grandes pretensões.

Agora, florzinha e borboletinha não. Vamos pensar o contrário: imagina alguém fazendo sexo oral na "piroquinha", no "cacetinho", "pauzinho"? Não dá!

Expressões mais formais e educadas, como "Sua vulva é linda" funciona no início de uma investigação corporal, ao se ter a vulva revelada e admirada.

Agora, nunca, jamais, em tempo algum, mulheres aguentam gracinhas adolescentes: Pata de camelo, capô de Fusca e similares devem ser banidos do dicionário sexual de que tem mais de 15 anos, junto com os verbos juvenis do tipo: "Liberar" ... a xoxota.

Adjetivos positivos são bem avaliados: gostosa, linda, deliciosa. Aliás, as mulheres que acham o termo boceta grosseiro, preferem que só o adjetivo seja usado, no geral: sua gostosa. Sim, porque há uma sensação de separação entre a mulher e o genital, como se o sujeito estivesse naquele momento só ligado ao sexo.

Uma questão cultural, de gênero, de separação entre amor e sexo, nossa herança de machismo e ideal romântico, fazer o quê? Não é frescura.

Pelos mesmos motivos "perseguida", "serventia dos homens" e outras expressões que sugerem submissão, são odiadas fortemente, assim como perereca, barata e aranha, que associa a vulva e a vagina à animais peçonhentos.

Encontrei também nomes que as parcerias batizaram, que têm significado só para o casal; e algumas palavras que não dizem nada e que são usadas para tudo, tipo tatibitate. "A sua tatibitate está molhadinha".

Em se tratando de termos regionais, chibiu ou priquito pode soar excitante no Nordeste e provocar gargalhadas no Sudeste!

No final das contas, Xoxota foi o termo que por um único voto não teve unanimidade: no geral, nem é o que as mulheres mais gostam nem o que provoca repulsa. Então, se você é fanático(a) por uma comunicação sexual, na dúvida comece por ele!