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Quem acredita em 'alma gêmea' é mais suscetível a dar ghosting. Entenda
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O ghosting é uma estratégia atualmente muito utilizada para se interromper uma relação, evitando contato com a parceria, independente do tempo em que ela se deu e mesmo do comprometimento que se tem. Em outras palavras, dar um "ghost" é dar um sumiço, sem explicações: o crush não responde ligações, mensagens e bloqueiam o acesso da parceria às postagens nas redes sociais.
Quem já passou por isso, principalmente mais de uma vez, sabe do desafio que é tentar entender o que aconteceu, evitar se culpar por algo que acha que fez, combater os pensamentos negativos sobre si mesma(o). Emoções como tristeza, raiva e diminuição de autoestima, movidos por quem sofreu um ghosting, tem sido associadas aos de quem vive o 'ostracismo' - um tipo de rejeição que uma pessoa provoca na parceria através de seu comportamento silencioso na relação - aquela pessoa que não se coloca, não discute, não responde.
Embora no ostracismo não haja necessariamente término da relação, ambas as estratégias envolvem a recusa a se comunicar, o que deixa a "vítima" completamente sem rumo, chegando a duvidar de suas percepções. A situação é séria, pois investigações de casos de tiroteio em massa, por exemplo, revelam que a maioria dos atiradores experimentou rejeição ou ostracismo anterior à sua violência.
Uma pesquisa norte-americana, publicada no Journal of Social and Personal Relationships 2019, investigou se crenças sobre relacionamentos tornariam as pessoas mais ou menos afeitas a usar o ghosting como estratégia para por fim a um relacionamento. Usaram duas dimensões da teoria implícitas de relacionamento - destino e crescimento. As crenças sobre o destino dizem respeito as ideias mais fixas sobre se os relacionamentos vão funcionar ou não. Aqueles com crenças de destino mais fortes são mais propensos a acreditar que os indivíduos estão destinados a ficar juntos ou não - isto é, existe uma parceria especial em algum lugar. Já as crenças de crescimento são caracterizadas pela ideia de que os relacionamentos crescem ao longo do tempo.
Em outras palavras, indivíduos com crenças de crescimento mais fortes pensam que os relacionamentos são maleáveis e podem ser melhorados por meio da comunicação e superação de obstáculos, em comparação com aqueles com crenças de crescimento menos difundidas.
Os participantes da pesquisa com crenças mais fortes de destino se mostraram mais propensos a achar socialmente aceitável usar ghosting para acabar com relacionamentos de curto e longo prazo, menos propensos a pensar mal de um ghoster e relataram uma maior probabilidade de usar ghosting no futuro.
Do contrário, quem tem crenças de crescimento mais fortes foram menos propensos a sentir que era aceitável usar o ghosting para terminar um relacionamento de longo prazo do que aqueles com menos crenças de crescimento,
Indivíduos com crenças de destino mais forte são mais propensos a ver as ações de seus parceiros como um diagnóstico do potencial do relacionamento e são mais rápidos para terminá-lo quando não sentem que a parceria é o ideal.
Já que "não era para ser", eles podem simplesmente não se preocupar com a forma como a outra pessoa reage ao rompimento e estar disposto a usar um método de separação doloroso como ghostings. Normalmente as crenças de destino são centrais para o início dos relacionamentos, daí que talvez o ghosting seja tão mais comum em relações com pouco tempo de duração.
O interessante desses resultados, é compreender que o fenômeno do ghosting não pode ser reduzido a dificuldade em fechar relacionamentos, enfrentar a tristeza da outra pessoa, dificuldade de estabelecer compromisso diante da grande oferta de possíveis parcerias, ou ausência de empatia, mas uma pré-disposição a avaliar a parceria por critérios estabelecidos que compõem um "perfil ideal" ou por uma paixão fulminante. Na dúvida, investigue se o crush acredita em "alma gêmea" antes de criar expectativas.
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