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Ana Canosa

OPINIÃO

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Pesquisa explica por que ouvir "eu te amo" pode ser sexualmente excitante

Giuseppe Lombardo/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Giuseppe Lombardo/Getty Images/iStockphoto

Colunista de Universa

12/07/2022 04h00

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Ouvir "eu te amo" pode ser sexualmente excitante, principalmente quando se está apaixonado. Nesse momento de extrema simbiose emocional, a frase reassegura que estamos sendo desejados pela parceria, tanto quanto a estamos desejando, além de reafirmar que se é gostado pelo todo, e não só pela excitação sexual que se pode despertar na outra pessoa a partir da química envolvida na atração sexual.

Por muito tempo a associação amor-sexo foi uma condicionante da experiência sexual feminina. As mulheres de várias culturas diferentes, só podiam fazer sexo se amassem seus parceiros, em relações de compromisso asseguradas pelo matrimônio. Essa premissa é realidade ainda hoje para algumas mulheres, seja por uma imposição religiosa, cultural ou porque a regra de conduta está entranhada em seus códigos morais, ficando difícil desassociá-la.

Mas será que um "eu te amo" pronunciado em um primeiro encontro com uma parceria que conhecemos pouco, teria um efeito positivo para a o engajamento em relações afetivas e sexuais nos dias de hoje?

Em média, uma em cada três pessoas relatam ter se apaixonado no primeiro encontro e, muito embora saibamos que o amor é um sentimento mais profundo e menos fugaz do que a paixão, teoricamente os dois se encaixam na categoria Amor - portanto não é uma blasfêmia dizer "eu te amo" movido pelo arroubo apaixonado.

Uma pesquisa norte-americana sobre o tema foi conduzida pelo psicólogo e pesquisador Justin Lehmiller, do The Kinsey Institute, divulgada no começo desse ano ouviu 2200 pessoas, de diversas raças/etnias, orientação sexual, identidade de gênero, renda familiar e região demográfica, com idade entre 18 e 45 anos. O estudo revelou que as mulheres (55%) estão mais propensas a se afastar de uma parceria que se declare no primeiro encontro, do que os homens (37%). As pessoas LGBTQIAP+ também tenderam a achar isso um problema (53%) do que os pesquisados cisgênero e heterossexuais.

Esses achados questionam três estereótipos fortemente arraigados: que as mulheres adoram romantismo para se disponibilizarem sexualmente, que mulheres lésbicas se conectam afetivamente desde o primeiro encontro - e se casam no segundo - e que homens cis fogem do compromisso quando percebem que a parceria está conectada emocionalmente.

Inclusive, os dados da pesquisa demonstraram que as mulheres LGBTQIAP+ foram as que mais levantaram "bandeira vermelha" quando alguém se declarava no primeiro encontro em oposição aos homens cis heterossexuais.

Outro achado interessante, teve relação com a idade: quanto mais novas, mais impactante foi o "eu te amo" na escolha em distanciar-se de um crush.

Talvez os jovens estejam atualmente com menos disposição para assumir um compromisso, já que a 'oferta' de variação sexual é cada vez maior - oportunidade que vai diminuindo com a idade.

Quando os pesquisadores cruzaram gênero x idade, a mudança na reação ao ouvir a declaração de amor no primeiro encontro quase não muda para os homens ao longo da vida, o que não acontece com as mulheres. Quanto mais jovens, mais as mulheres se afastam de um 'amor à primeira vista', demonstrando seletividade e menos propensão a querer apressar um relacionamento de longo prazo.

Provavelmente essa nova geração de mulheres está menos afetada pelos ideais de amor romântico, e desejosa a desfrutar maior liberdade sexual. Já não era sem tempo, não é mesmo?