Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
'Como Criar um Quarto do Sexo' mostra como espaço ajuda erotismo do casal
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Você já entrou no quarto de algum casal onde você olha e logo pensa: há sexo por aqui! Com espelhos, fotos sensuais, frases sexies em neon, bancos eróticos, plumas, algemas e texturas diferentes? Couro, peles, cetim. Velas, muita iluminação indireta, chicotes, cruz de Santo André na parede, obras de arte sensuais?
Pois é, em nossa cultura o espaço domiciliar tende a não ser sexualmente inspirador. Muito edredom de florzinha, foto dos filhos, quando não o crucifixo na parede enredado com o terço bizantino da avó, bem acima da cama.
Ao longo da minha vida, só conheci dois quartos de casal que pareciam um motel. O meu, que não é exatamente tão explícito, mas tem fotos sensuais nossas espalhadas por ele e um espelho estrategicamente móvel, além de muitas coisinhas interessantes na gavetinha da mesinha de cabeceira.
A necessidade de trazer para dentro de casa o espaço da intimidade sexual é uma importante estratégia para favorecer que o erotismo possa conviver com a vida cotidiana, que nos consome tanto. É o momento da diversão, da intimidade, da exploração da sexualidade que de alguma forma pode ser inspirado pelo ambiente.
Não é à toa que "50 Tons de Cinza" fez tanto sucesso: o quarto vermelho era o lugar da transgressão, dos jogos de poder e submissão, de testar limites e explorar prazeres.
Projetar e decorar um espaço erótico dentro das casas de casais monogâmicos, poliafetivos, de diversas origens, raças, etnias e orientações sexuais é a proposta da nova série da Netflix "Como Criar um Quarto do Sexo". Apresentada pela simpática designer Melanie Rose, que acabou se tornando uma especialista nessa área.
Cada episódio conta a história de dois casos, e revela como ficou o quarto do sexo de um deles. De uma maneira bem orientada, leve e divertida, ela conversa com as pessoas para entender os motivos para o quarto da intimidade: desconexão sexual, descompasso de ritmo, pouco tempo para desfrutar do tempo em casal, filhos, excesso de trabalho, falta de ambiente dentro de casa e até relacionamento à distância.
O spoiler de um dos episódios diz respeito ao casal gay que mora longe: a solução foi criar um quarto na casa de um deles, cheio de fotos do ensaio sensual que fizeram sob a orientação de Melanie, além de uma decoração BDSM, uma das práticas preferidas do casal. Para ajudar no distanciamento, ela colocou estrategicamente uma webcam, para que um deles faça shows online para o outro. Quando estão juntos, desfrutam do ambiente ao vivo.
O interessante da proposta é que enquanto faz a investigação das práticas e fantasias sexuais das pessoas, a designer aproveita para desmistificar crenças sobre sexo como algo "sujo" e cheio de regras fechadas de gênero.
Logo no primeiro episódio o casal heterossexual que adora transar, revela que o parceiro curte estímulo anal. Ao mostrarem pessoas com educação mais repressora e outras mais liberais, os episódios promovem identificação do público e estimulam a comunicação sexual entre as parcerias.
Alguns casais se "descobrem" durante o episódio, e Melanie vai tentando acomodar as diferenças entre os perfis eróticos e até as que se impõem por características físicas: um dos quartos é totalmente projetado para ajudar o sexo diante da assimetria na estatura do casal.
Além disso, a série apresenta grande diversidade de mobiliário, objetos, sex toys e explora visualmente práticas sexuais entendidas como "desviantes" de maneira lúdica e sem tabus. Alguns quartos foram criados nos porões típicos das casas norte-americanas, outros foram redecorados sendo o ambiente principal do casal. Tudo com muito bom gosto.
Série estimulante e referência de design erótico. Amei. Aproveite para se inspirar!
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