Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Fantasias sexuais: embarcar no desejo do par pode salvar a relação?
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Já sabemos que o desejo sexual é livre e, mesmo que tenhamos ótimo relacionamento afetivo e sexual com nossas parcerias, ainda assim seremos surpreendidos pelo ímpeto de fazer sexo com outras pessoas (se você não sabia, é hora de encarar essa realidade).
Também concordamos que as fantasias sexuais são um importante fomento para a nossa excitação e nos ajudam muito a esquentar uma cena sexual que nem sempre - e por motivos diversos - está tão interessante assim. Vale ressaltar que antes de nos engajarmos em uma relação amorosa com nossas parcerias, elas - as fantasias - muito provavelmente já existiam, fazem parte de nossa memória erótica - então não é porque simplesmente estamos em um relacionamento que elas sumirão do seu mundo onírico.
O que com frequência acontece, em casais que se apaixonam, é o encontro sexual bastar, ser suficiente para uma explosão sexual. A outra pessoa assume o protagonismo da nossa motivação sexual, investida que está de todos os nossos ideais e espelhando como somos maravilhosos e desejados.
Com o tempo e o arrefecer do apaixonamento, quando a novidade e o mistério que alimentam o desejo desaparecem, é comum que as fantasias sexuais retornem e que outros personagens virem fonte de novidade. Além disso, o mundo imaginário pode compensar questões individuais, como por exemplo se sentir desejado ou em situação de poder, quando a insegurança nos ronda.
Também é fato que, a insatisfação sexual conjugal leva as pessoas a fantasiarem com mais frequência, comparado àquelas que se sentem mais felizes em seu relacionamento, o que torna o tema sensível para o equilíbrio da relação.
Devemos ou não as dividir com o par amoroso? Já vi todo o tipo de reação e falta de tato nesse campo. Desde a pessoa que se indigna quando a parceria traz um desejo até bem comum e simples, como ser xingada durante o sexo, até a pessoa que, da noite para o dia, resolve verbalizar que deseja fazer sexo com a melhor amiga da mulher, ignorando todo o ciúme que é capaz de fazer um vulcão extinto eclodir em erupção.
Um interessante estudo realizado com 80 pessoas, sendo 40 homens e 40 mulheres, heterossexuais, monogâmicos e em relacionamentos de compromisso que variavam de 4 meses a 11 anos, avaliou como fantasiar com a própria parceria e também com pessoas extra-par estaria ou não relacionado com a melhoria do desejo sexual e do relacionamento de modo geral. Para isso, dividiram a amostra em 4 grupos, cada qual orientado a utilização de fantasias sexuais e amorosas de maneira diferente.
Embora as fantasias sejam vividas no plano do imaginário, os resultados dessa pesquisa mostraram que elas têm um domínio favorável sobre o mundo real e podem servir como um mecanismo para a manutenção de relacionamentos a longo prazo.
Fantasiar com o próprio parceiro foi positivamente associado ao aumento do desejo e de comportamentos positivos no relacionamento, como mais elogios, afeto e sexo.
Fantasias extra-par não tiveram o mesmo acréscimo, embora também não tenham necessariamente, para essa amostra, motivado comportamentos prejudiciais ao relacionamento, como por exemplo, criticar a parceria ou deixar de lhe fornecer apoio.
No entanto, vale ressaltar que os pesquisadores não investigaram a reação das parcerias na comunicação de fantasias sexuais com outras pessoas e nem se, as fantasias extra-par levaram as pessoas a se envolverem em infidelidade real, o que pode provocar um abismo nas relações de compromisso.
Sabemos que a aflição que sentimos ao imaginar a parceria em um encontro potencialmente erótico com outra pessoa, pode tornar o sexo bastante interessante para alguns. Mobiliza a competitividade, o ciúme, a inveja e também a admiração do ser desejante do outro. Mas há que se ter a confiança no vínculo, a capacidade de acomodar todos esses sentimentos, sem que eles nublem completamente a satisfação sexual e conjugal.
Quando duas pessoas conseguem brincar com possibilidades e valorizar mais essa interação - como é bom poder partilhar isso com alguém que confiamos e amamos - do que privilegiarem a concretização de todos os desejos - menos riscos para a relação.
Sexoterapia: 'Vida de pais está minando nosso desejo sexual. Como resgatar o tesão?'
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