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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gisele e Brady: dá para viver casamento com alguém abstinente sexualmente?

Gisele Bündchen e Tom Brady - Reprodução/ Instagram
Gisele Bündchen e Tom Brady Imagem: Reprodução/ Instagram

Colunista de Universa

12/10/2022 04h00

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São muitos rumores não confirmados da possível crise conjugal de Gisele Bündchen e Tom Brady. Um dos mais recentes seria de que a separação dos famosos foi motivada por abstinência sexual. O jornal espanhol Marca afirmou que a Brady teria uma regra estrita de não fazer sexo antes dos jogos. A rotina de "relações sexuais programadas" seria mais um dos motivos do afastamento do casal.

Não dá para afirmar que isso é verdade, mas podemos refletir sobre uma pergunta que ronda a cabeça de muitos casais: Dá para viver um casamento com alguém abstinente sexualmente?

Olha, até dá, desde que o custo emocional não seja alto demais. Porque devemos lembrar que sexo não diz respeito só a ter orgasmos. Esses, conseguimos com a masturbação.

Relação sexual alimenta o corpo, pois o toque na pele e a proximidade corporal, quando prazerosos, ajudam a diminuir a ansiedade e geram sensação de bem-estar e acolhimento. Além disso, o sexo alimenta a alma: ser desejado pela outra pessoa é uma injeção de ânimo e um lustro na autoestima. Partilhar desejos, brincar, promover a excitação, provocar: há muitos ganhos emocionais quando a relação sexual tem qualidade.

Por isso que muitas pessoas enfrentam grandes dilemas quando a parceria deixa de ter interesse no sexo. De um lado o afeto até pode estar preservado, mas o erotismo empobrecido, para quem gosta de sexo, torna a vida conjugal tal qual uma empresa cheia de burocracia, ou um espaço fraterno de convivência e compartilhamento.

Ninguém se separa de grandes parcerias conjugais, ainda mais quando se tem história, bens e filhos, porque a abstinência sexual fez morada temporária. Há muitas fases da vida que estamos menos transantes, por razões biológicas, psicológicas ou porque a vida impôs limites para o sexo.

Normalmente, embora possa haver desconforto, as parcerias compreendem períodos de dificuldade, principalmente quando percebem que não é desdém, desinteresse pelo assunto ou preguiça, mas algo temporário, que também aborrece a própria pessoa com baixo tesão.

É a constância do problema, a acomodação, a falta de iniciativa para buscar ajuda, que vai minando a relação. Comum quem acha que o problema está só naquele que não quer transar, ou no outro que quer fazer sexo sempre.

Devo elucidar, no entanto, que basta uma pessoa estar insatisfeita com o sexo, que isso já vira um problema de casal. As necessidades individuais devem ser levadas em consideração, há que se compreender, negociar, buscar soluções. Não é fácil, mas não é impossível, ajustar ritmos sexuais diferentes, mas este é um movimento que se faz à dois.

Quando a abstinência sexual se torna uma escolha de mão única, a parceria vira uma espécie de prisioneira, com parte do exercício da sua sexualidade atrelada ao desejo e a boa vontade de um só.

Muitos sugerem como solução a relação fora do casamento, seja a que acontece pela infidelidade, ou pela possibilidade de um contrato não-monogâmico. Preciso advertir que não é tão fácil assim, principalmente quando temos uma parceria conjugal por quem nos derretemos de tesão. A questão não é transar, mas transar com aquela pessoa, e isso pode fazer toda a diferença.

Relacionamento aberto dá certo para quem? | Sexoterapia #83