Topo

Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mulheres e gays são mais suscetíveis ao 'ghosting', diz pesquisa. Por quê?

Mulheres, jovens e não heterossexuais são os que mais sofrem com sumiço do crush - Unsplash
Mulheres, jovens e não heterossexuais são os que mais sofrem com sumiço do crush Imagem: Unsplash

Colunista de Universa

04/02/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O que desejam os solteiros brasileiros? Essa foi a pergunta fundamental que impulsionou o aplicativo de relacionamentos Par Perfeito a realizar "O Estudo dos Solteiros", que contou com 3.200 entrevistados (usuários e não usuários do app). De abrangência nacional, a pesquisa consultou homens e mulheres solteiros, acima dos 18 anos (média de 34 anos) e de todas as classes socioeconômicas, distribuídos entre diferentes faixas etárias, identidades de gênero e orientações sexuais.

Os resultados demonstraram que a formação familiar e as vivências influenciam nos gostos, valores e prioridades de vida dos solteiros. Estilo de vida (64%) e situação financeira (52%) são as principais influências nos relacionamentos, seguido de religião (38%) e posicionamento político (31%).

Homens mais jovens e os da classe C são os menos afetados pela condição econômica da parceria, já as mulheres e os mais velhos esperam que a outra pessoa tenha uma situação igual ou melhor que a deles. O posicionamento político é algo que afeta muito mais as mulheres e os não heterossexuais.

A pesquisa revela que os solteiros estão temerosos: 88% dos entrevistados afirmaram ter receio de iniciar um relacionamento; 21% têm medo de se apegar à pessoa e ser deixado, e 19% temem ser traídos. Isso revela que as pessoas estão resistentes ao amor, pois só é amando mesmo que todos os medos se apresentam.

Em tempos de relações mais casuais e fluídas, as experiências negativas vão provocando resistências na entrega que se faz necessária para as conexões emocionais. Um bom exemplo é o "ghosting", quando a outra pessoa some sem explicação.

Em comparação ao estudo que fizeram em 2018, o percentual de quem já sofreu com o "desaparecimento" de alguém com quem estavam iniciando relação foi 21% maior —chegou a 47% na pesquisa atual.

Mas há um dado importante a se ressaltar: as mulheres, os mais jovens e os não heterossexuais —um grupo que na cultura patriarcal heteronormativa é considerado "frágil"— foram os mais suscetíveis ao "ghosting". Aqui existe claramente uma assimetria de poder: aqueles que se consideram "privilegiados", no topo da cadeia dos que decidem como "dar as cartas" nas relações, obviamente são os que apresentam menor responsabilidade afetiva.

O analfabetismo emocional, aliado à falta de empatia, sugere que, na ausência de interesse em continuar uma relação, o melhor a fazer é sumir.

O estudo mostrou também que os homens são os menos afeitos a lidar com mudanças de humor de parcerias. Sabemos, por outras pesquisas, que homens heterossexuais são aqueles que mais abandonam suas parceiras quando elas adoecem, demonstrando como o amor, para eles, é ainda uma linguagem a desenvolver.

Pela percepção da dificuldade de encontrar alguém para partilhar a vida, 36% dos entrevistados acreditam que é mais fácil encontrar um amor após os 50 anos, quando as pessoas são mais maduras.

Quando estão em um novo relacionamento, as expectativas estão em encontrar alguém que seja companheiro(a) em todos os momentos (64%), que ajude a evoluir como pessoa (53%), que tenha objetivos em comum (46%), alguém com autoconhecimento e estabilidade emocional (43%).

Os principais objetivos de vida dos solteiros brasileiros são viajar (55%), conquistar posição na carreira (49%), comprar a casa própria (48%) e casar ou encontrar a parceria ideal (44%). Segundo o estudo, são as mulheres mais jovens e de classe social mais alta que lideram o desejo por viagem. Já os homens mais jovens (18 a 34 anos) são os que mais querem subir ao altar. Curioso.

O grupo LGBT foi o que se mostrou mais libertário e aberto às múltiplas modalidades de relacionamento e parcerias; os que declararam usar mais sites e apps de relacionamento e os que fariam sexo no primeiro encontro. Os cristãos, evangélicos e católicos são os que mais afirmaram que não fariam.

Se você é solteira e deseja um amor, a pesquisa dá uma dica: 26% das pessoas afirmam que domingo é o dia preferido. Que venha o final de semana!