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Satisfação sexual: por que China lidera ranking e Brasil amarga 22º lugar?
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A pesquisa Love Life Satisfaction feita em 32 países revelou que o Brasil está em 22º lugar no que diz respeito a satisfação sexual. A pesquisa foi realizada de forma online, entre 22 de dezembro de 2022 e 6 de janeiro de 2023. Só seis em cada dez brasileiros se disseram satisfeitos com sua vida sexual, um número baixo para um povo que aparentemente transpira erotismo. Em primeiro lugar está a China, o que mostra que nem sempre o que popularmente é considerado "erótico" aponta para maior satisfação. Bunda de fora? Temos. Abdômen sarado? Temos. Zilhões de produtores de conteúdo e consumidores no Only Fans? Temos também. Motéis, casas de swing, sex toys? Aos borbotões. Nem por isso estamos satisfeitos.
Mas satisfação sexual é um conceito subjetivo. Embora a função sexual seja um fator muito importante, é uma perspectiva limitada quando não somamos às questões afetivas e emocionais. Uma pessoa pode ter orgasmos e mesmo assim não se sentir satisfeita, por perceber que a sua relação sexual é pobre em erotismo e segue o mesmo script há séculos.
Outra pode se sentir plena com seus orgasmos obtidos exclusivamente da masturbação, já que não sente interesse na relação sexual com parceria. Há também quem valorize sobremaneira a interação sexual romântica, onde o amor e desejo estejam presentes e que, portanto, se sinta insatisfeito por ter somente relações casuais.
A pesquisa investigou também se as pessoas se sentiam amadas. Embora o índice brasileiro aqui seja maior (72%) que o da satisfação sexual (60%), caímos para a 25ª posição no ranking. São os holandeses (90%) os mais contemplados pelo investimento amoroso de suas parcerias, seguidos de perto pela Indonésia (87%), Argentina (84%) e China (84%).
A busca pelo orgasmo feminino: por que gozamos pouco?
Fiquei aqui me perguntando se e como a qualidade de vida e as perspectivas socioculturais interferem na capacidade de sentir e expressar o amor, esse também um sentimento difícil de perfilar.
Confesso que me passou pela cabeça que muitas coisas podem nos deixar mais felizes, abertos e relaxados, favorecendo a troca nas conexões amorosas: campos repletos de flores e moinhos, cannabis de todos os tipos, mobilidade urbana, praias paradisíacas, templos majestosos e mesmo tango e alfajores, sejamos justos. Mas é óbvio que essa é uma visão superficial do fenômeno. Me inquieta tentar descobrir o que eles têm em comum que viabilize o prazer e a alegria.
Boa assistência a saúde? Menos estresse? Educação sexual nas escolas?
Como um país pobre —a Indonésia, que vivencia desemprego e desigualdade— pode estar tão próximo do quarto país mais rico do mundo —a Holanda— no rankin de satisfação sexual?
A Indonésia também é líder (94%) do ranking no quesito estar satisfeito no relacionamento com parceiro. Seriam os baixos índices de violência? Religião muçulmana?
Mas aí a Tailândia figura logo abaixo, em terceiro lugar (90%), com maioria budista. Quais os elementos que compõem o bloco dos satisfeitos? Em que medida o amor e o sexo seriam imunes ao caos social?
Quando a gente olha para o Brasil, tão maravilhoso, dotado de uma natureza diversa e exuberante, mas tão castigado pela desigualdade, poderíamos colocar também nessa conta o tamanho do país, com suas especificidades e dificuldades?
Mas e o que falar da China, um país de dimensões continentais e que nessa pesquisa é o que mais tem indivíduos satisfeitos sexualmente e ocupa o quinto lugar em satisfação na relação e o 4º no 'sentir-se amado'?
Segundo Marcos Calliari, CEO da Ipsos, instituto que fez a pesquisa: "No geral, observamos um traço comum entre países asiáticos (exceto o Japão) nas pesquisas que realizamos: independentemente do tema, os cidadãos destas nações costumam ter um grau mais elevado de satisfação declarada e uma visão mais otimista sobre diferentes pautas. Quando acompanhamos, por exemplo, a percepção de rumo certo do país, Indonésia e Tailândia sempre apresentam níveis bastante altos, ficando frequentemente no top 5 dos 30 países pesquisados", diz.
"O mesmo ocorre na nossa análise do índice de confiança do consumidor, encabeçado há quase três anos pela China, ou mesmo na pesquisa em que perguntamos aos cidadãos se eles estão otimistas que 2023 será um ano melhor que o anterior. Esses três países apresentaram concordância maior que 80%. A China ainda aparece entre as três nações nas quais as pessoas se autodeclaram mais felizes, de acordo com a onda mais recente da nossa pesquisa Global Views on Happiness", afirma Calliari.
Pena que otimismo e felicidade a Shein não consegue exportar, não é mesmo?
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