Por que maioria dos homens brasileiros diz sofrer discriminação por gênero?

Pesquisa do Instituto Ipsos realizada com 22.508 adultos de 32 países mostrou que, apesar de o Brasil estar entre os dez primeiros países do ranking que associam o alcance da igualdade de gênero ao apoio dos homens pelos direitos das mulheres, 55% dos entrevistados diz que fomos longe demais na promoção da igualdade das mulheres e que os estamos discriminando.

Quando se diz que homens heterossexuais, brancos e posicionados estão sendo discriminados, eu me questiono sobre o que estamos falando. Entendo que possam estar incomodados com a perda de privilégios, que se sintam observados, avaliados e julgados por suas piadinhas machistas e sexistas. Que tenham que pensar sobre consentimento antes de avançar sexualmente; que estejam, como todos nós, arriscados a serem filmados, printados e, inclusive, processados por comportamentos inadequados e ilegais.

Também posso concordar com o fato de que tratar os homens como abusadores em potencial, violentos por natureza e babacas sem precedentes, é usar da mesma lógica ofensiva e discriminatória que o inverso: mulheres são mais frágeis, cheias de mi-mi-mi e precisam se adequar ao estilo de vida de seus machos. Então, sim, o sexismo também acontece contra os homens, mas há que se ter em mente outros fenômenos, como a estratificação do sistema patriarcal, que discrimina os próprios homens, baseado principalmente na raça, na orientação sexual e no status socioeconômico.

Não há como negar a história, nem é factível se apoiar em diferenças biológicas, já que não somos animais irracionais. Mas é importante reforçar que a violência na comunicação entre os gêneros, que ridiculariza e fomenta o sexismo, não vai nos ajudar a melhorar a relação entre as pessoas. É essa violência que nubla a consciência e a ação.

Embora globalmente cerca de 53% das pessoas entrevistadas pela Ipsos pense que a igualdade de gênero é boa para homens e mulheres, 37% das pessoas têm medo defender isso.

Como o machismo prejudica a sua vida sexual

Quando questionadas sobre o que as impede de fazer uma ação para o combate a desigualdade de gênero, algumas pessoas dizem que não têm esperança de que as coisas mudem. Só 13% acha que pode fazer algo de fato para a equidade de gênero.

Mas há dados animadores: a maioria das pessoas acham que a vida é melhor agora para as mulheres jovens, em comparação com as da geração anterior, provavelmente porque algumas conquistas lhes asseguram espaços de afirmação, expansão, tranformação e emancipação. Feminismo é o nome que se dá ao impulsionamento para essa mudança. E os homens estão mais do que convidados para fazer parte.