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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vida sexual da mulher é mais afetada por estresse do que por menopausa

Menopausa, em que fogachos são comuns, fica mais complexa por causa do estresse nessa fase da vida - iStock
Menopausa, em que fogachos são comuns, fica mais complexa por causa do estresse nessa fase da vida Imagem: iStock

Colunista de Universa

11/03/2023 04h00

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A menopausa marca o fim da capacidade reprodutiva de uma mulher e, com ela, vem a diminuição expressiva da produção do estrogênio, um hormônio bem importante para a resposta sexual feminina. Além de sintomas como diminuição da lubrificação, atrofia vaginal e menor sensibilidade nas zonas erógenas e nos genitais, outros, como fogachos, ressecamento da pele, queda de cabelos, névoa mental, instabilidade de humor, perda de motivação e insônia, podem tornar a vida mais complicada. Mas há tratamentos e sex toys para o sexo continuar a ser prazeroso. O que não temos é uma pílula mágica que resolva o que está no entorno dessa fase da vida.

Pesquisa publicada em fevereiro pelo The Journal of Sex Research entrevistou 2.000 mulheres e descobriu que não é a menopausa que reduz frequência ou qualidade da vida sexual, mas o estresse gerado pela dificuldade de conciliar vida familiar, profissional e social, além da preocupação com questões financeiras.

A pressão do trabalho e o comprometimento de cuidado com filhos, companheiros e pais idosos, deixa as mulheres tão ocupadas e exaustas que não sobra tempo nem energia para desfrutar de uma vida sexual satisfatória. E o pior de tudo isso é que poucos parceiros e filhos estão dispostos a ajudar de maneira prática e dar apoio emocional, além de haver uma pressão ainda maior sobre o desempenho profissional em vez de redução da carga de trabalho.

Marcas internacionais têm apostado na mulher madura como um público importante e já sacaram que pensar seu bem-estar, além de fundamental, é lucrativo. É o caso dos cremes vaginais, lubrificantes, suplementos, produtos para a pele, cabelo, apps de fisioterapia pélvica e que controlam hormônios e até um bracelete que monitora a temperatura do corpo, resfriando-o nos momentos de fogacho.

Plataformas e podcasts específicos para esse público servem também como rede de apoio e ampliam as discussões. Além disso, muitas mulheres maduras estão sendo escolhidas como embaixadoras de marcas de roupas, cosméticos, acessórios e lingerie.

Sexoterapia: existe sexo durante e depois da menopausa?

No Brasil, ainda estamos engatinhando. O próprio mercado perde oportunidades, já que somos mais de 30 milhões de mulheres 50+, sendo boa parte responsáveis pelo sustento da família. Algumas marcas já se arriscam a abordar o tema da sexualidade da mulher madura e fazem um bom trabalho, mas outras acabam reproduzindo clichês. Há que se ter em mente que é preciso ter no time de marketing mulheres maduras para reverberar uma linguagem que seja factível e honesta. Por mais bem intencionadas que sejam as pessoas jovens, fica difícil entender como a sensualidade e o erotismo podem caminhar junto ao envelhecimento, já que é a imagem da juventude que sempre está atrelada ao sexo.

É preciso ouvir as mulheres. A intimidade emocional é a chave para a satisfação sexual na maturidade, mas só se é íntimo de quem tem disposição para também acolher nossas vulnerabilidades.