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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Casados em casas separadas: é crise ou só outro jeito de viver a relação?

Rafa Vitti e Tatá Werneck: casal tem duas casas e costuma dormir separado em alguns dias - Reprodução/ Instagram
Rafa Vitti e Tatá Werneck: casal tem duas casas e costuma dormir separado em alguns dias Imagem: Reprodução/ Instagram

Colunista de Universa

08/04/2023 04h00

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Cada vez mais os casais têm buscado maneiras não tradicionais de viver a conjugalidade, tentando conciliar espaços individuais com a vontade de manter a relação. Encontramos casais que não têm conta conjunta, os que são não monogâmicos, os que dormem em quartos separados para manter a qualidade do sono individual. E há também aqueles que optam por não morar juntos ou ter casas separadas para, eventualmente, tirarem um tempo pra si. Nesse último caso entram Tatá Werneck e Rafa Vitti, e a notícia de que os dois dormem em camas diferentes de vez em quando já fez surgir boatos de crise.

Casais ou casamentos LAT (living apart together, vivendo juntos mas em casas separadas, em tradução livre) têm sido mais bem recebidos por familiares e amigos, segundo uma pesquisa brasileira sobre o assunto. Parece que as pessoas atualmente e de modo geral, consideram os prós e contras da coabitação, sem sair por aí julgando quem decide preservar o espaço pessoal de forma concreta, inclusive no que diz respeito a prática sexual.

Há quem afirme que a vida cotidiana pode submeter o desejo sexual à domesticidade, sufocando-o, e há os categóricos em dizer que a proximidade dos corpos favorece o sexo acontecer.

As duas afirmativas me soam completamente coerentes e coabitam o mesmo espaço sideral da sexualidade de um casal, ora uma vivência se apresenta mais forte, ora sobrepõe a outra, em outros tempos se misturam, de vez em quando se chocam como meteoros, saindo faísca para todo lado.

Os casais LAT podem ser identificados em duas configurações: permanente ou de fase temporária/transição. Nos permanentes há o desejo da manutenção das casas separadas. A motivação para isso diz respeito tanto à sensação de liberdade experimentada quanto à consciência do quanto se despende energia na coabitação.

Descompasso sexual: quando um casal perde o ritmo

Muitos LAT permanentes já foram casados com parcerias anteriores, são divorciados ou viúvos e consideram a nova relação mais como um companheirismo. Já os LAT temporários têm vontade de coabitar, mas por razões práticas (dinheiro, filhos pequenos, distância do trabalho) aguardam um momento mais propício para juntar os trapinhos.

Há também os namorados LAT, casais que dividem e compartilham muito de suas vidas, mas que não se sentem preparados emocionalmente para dividirem o mesmo teto.

Além dos LAT, existem também os casais que, na maior parte do tempo, coabitam na mesma casa, mas contam também com outro espaço, usado por ambos, em uma espécie de rodízio.

Certamente um privilégio dos economicamente mais favorecidos. Esse espaço serve tanto para encontrar o silêncio necessário quanto para focar no trabalho ou praticar alguma atividade específica, sem ter que se preocupar com a presença do outro. Também funciona como um lugar para encontro amoroso-sexual do casal, principalmente quando querem ficar longe dos filhos, ou simplesmente se distanciarem do espaço casa. Resumindo: tem opção pra todos os gostos.