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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Beijo é a primeira penetração que fazemos no corpo da outra pessoa

Beijo transmite sentimentos e desencadeia a liberação de vários hormônios  - Unsplash
Beijo transmite sentimentos e desencadeia a liberação de vários hormônios Imagem: Unsplash

Colunista de Universa

11/04/2023 04h00

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Na quinta-feira, 13 de abril, se comemora o dia do beijo. Um gesto que pode servir a diferentes papéis e transmitir respeito, admiração, amizade, proteção, selar compromissos e avaliar a qualidade de parceiros em potencial, manter os laços entre parcerias eróticas e aumentar a excitação sexual. Embora o olhar e o toque possam despertar curiosidade e interesse, em nossa cultura é na hora do beijo que a pessoa percebe se há liga, química. O frio que percorre a espinha, a excitação, o bem-estar, são sensações que decorrem do beijar, sendo que essa percepção pode ser, para muitas pessoas, fundamental para que se decida ir adiante ou não.

O beijo é a primeira penetração que fazemos no corpo do outro. Muitas vezes pode ser abrupto, forte, quase agressivo, em outras, ameno, carinhoso, afável, sensível. E isso também faz diferença. Para os amantes de um bom beijo, quando tudo se encaixa perfeitamente é uma delícia. A química do beijo estimula várias substâncias envolvidas no sistema de prazer, atração, euforia e ternura, como dopamina, oxitocina, endorfinas, adrenalina, serotonina, feromônios. Claro que alguém pode aprimorar seu beijo para agradar a parceria, mas mudar totalmente a maneira de beijar, a textura da língua, não dá.

O aspecto sociopsicológico do beijo revela que a intimidade é um fator importante e que pessoas podem evitar beijar durante o sexo por falta de laços íntimos. Aliás, uma pesquisa interessante encontrou associação entre tipo de apego (modo como estabelecemos conexão com pessoas) e frequência de beijos na relação. Pessoas com estilo de apego evitativo, por exemplo, que lutam contra conexões de intimidade, beijam menos do que aqueles que não tem medo de se entregar.

Alguns estudos encontraram evidências que, quanto mais beijo, maior o nível de satisfação sexual, em especial entre as mulheres. Uma pesquisa de 2018 entrevistou 52.588 pessoas, de várias orientações sexuais, e revelou, entre vários pontos, que as mulheres são propensas a experimentar um orgasmo quando suas parcerias as beijam profundamente durante a relação sexual.

No estudo O Que É Um Beijo? O Papel do Beijar nas Relações Românticas de Spaulding (2016), homens relataram que o beijo de boca aberta com língua previu satisfação sexual, em comparação ao selinho. Aliás, é relevante destacar que homens em relações duradouras de compromisso apresentam mais dificuldade de dar uns beijos profundos em suas parcerias dissociando de uma possível relação sexual —a reclamação oficial de boa parte das mulheres, já que, mesmo excitadas, curtem uns beijões por si só.

Talvez isso tenha relação com a maneira que fomos educados, sendo as mulheres orientadas a resistir sexualmente —portanto aproveitam mais os beijos— e os homens a não postergar oportunidades sexuais, usando-os mais como mecanismo de excitação.

E se a frequência de beijos anda minguando em sua relação, talvez seja hora de discutir a satisfação sexual entre você e seu par.

Química sexual: tesão tem prazo de validade?

Os beijos românticos estão presentes em quase 90% das culturas. Os mais ousados são, certamente o dos adolescentes, que não respeitam fila nem horário nem ninguém. Denunciam seu desejo abertamente, para quem quiser ver, em longos beijos e abraços, à luz do dia. Claro que exageram, não tenho dúvidas, mas são eles que nos salvam de um cotidiano corrido, estressante, e sem graça. Pode ser que muitos se incomodem, mas sinceramente acho uma linda cena quando estão ali, encostados na parede de alguma plataforma de estação de metrô. Beijando. Curtindo. Amando.

Pode ser que alguns gostem de beijar dez em uma mesma festa, outros valorizem mais a qualidade. De bitocas cotidianas, estaladas e engraçadas nas crianças, nas bochechas dos amigos, a beijões em nossos pares amorosos, o fato é que, de beijinho em beijinho, vamos preenchendo a nossa reserva de felicidade.