Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mulher começa a se masturbar e vira outra: qual o poder do orgasmo?
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O filme sueco "O Ano em que Comecei a Vibrar por Mim", recém-lançado na Netflix, é um entretenimento despretensioso que aborda a sexualidade feminina. A protagonista é uma mulher prestes a fazer 40 anos que se depara com o final do casamento e com a necessidade de mudar de vida e reconhecer seus reais desejos —e a masturbação se torna o símbolo de sua libertação.
Embora o filme aborde a temática do orgasmo como uma necessidade de autodescoberta e potencialidade, é interessante perceber que isso só acontece quando a protagonista, Hanna, deixa de agir no automático e de querer cumprir todas as expectativas que outras pessoas e ela mesma impõem a si.
De fato, na clínica, observamos que muitas mulheres com queixas de anorgasmia estão presas a antigas crenças sobre a sexualidade feminina, como aquela que associa o orgasmo a uma relação sexual com outra pessoa. E, mesmo entre as mulheres que se permitem ter orgasmos durante a masturbação, muitas ainda carecem de assertividade durante o sexo, renunciando a práticas sem ser penetração. Quando falamos sobre autonomia feminina, não se trata de negar a importância das outras pessoas em nossa vida, mas da atenção que se deve dar ao autoconhecimento e à legitimidade do nosso desejo.
Sexoterapia: A nova busca pelo orgasmo feminino
"O Ano em que Comecei a Vibrar por Mim" aborda temas que estão na pauta das discussões atuais, como trabalho, maternidade, relacionamento afetivo-sexual com os homens, amizade com as mulheres e padrão estético, além da liberdade sexual.
O filme não tem tempo para se aprofundar nos dilemas de Hanna, muito embora dê um certo alívio chegar ao final —sinal de que consegue mobilizar alguma angústia. Além disso, tem o objetivo de fazer rir, pois o filme está inserido na categoria comédia. Assista sem grandes expectativas, mas talvez a ideia também seja essa.
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