Topo

Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Por que jovens ligam mais para a felicidade de pet do que para a do crush

Unsplash
Imagem: Unsplash

Colunista de Universa

13/06/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Uma pesquisa recente, realizada pela agência de pesquisa de mercado OnePoll, revelou que 36% dos entrevistados da geração Z, com idade entre 18 e 23 anos, têm mais prazer ao ver seus animais de estimação felizes do que os humanos com quem têm uma relação afetiva -a segunda opção ficou com 21% das respostas. O número é maior nessa faixa etária do que em todas as outras gerações.

Embora a pesquisa tenha sido feita nos Estados Unidos, não duvido que, se fosse replicada em território brasileiro, uma porcentagem até maior diria que prefere a convivência com seus pets do que com parceiros e parceiras. O que isso diz sobre a maneira como nós, humanos, nos relacionamos?

Os animais são, cada vez mais, tratados como membros da família, servem como companhia e mesmo como apoio emocional -ou você nunca ouviu alguém aconselhar uma pessoa solitária a adotar um pet?

Além desse dado, o estudo mostra que 41% dos entrevistados mais jovens preferem gastar com o animal do que com o companheiro ou companheira; e 72% das pessoas da geração Z e X (nascidos entre 1961 e 1985) preferem investir suas economias em animais do que em viagem de férias. Para quem ama viajar, como eu, me pareceu descabido. Um investimento dessa monta talvez só se compare ao amor de mães e pais por seus filhos —ao que parece, ninguém anda disposto a apostar no retorno afetivo entre pares, com o amor romântico, tão fora de moda ultimamente.

Sexoterapia: o que a juventude quer dos relacionamentos?

Os millenials também aparecem na pesquisa e reforçam essas dúvidas: entre os nascidos de 1982 a 1994, 30% tiveram uma relação mais longa com seus pets do que com amigos e parceiros.

Se a fronteira entre as identidades de humanos e pets se mostra tão diluída atualmente, há que se pensar que os altos índices de abandono de animais domésticos também refletem a fragilidade dos laços de apego que seres humanos têm demonstrado.

Os animais estariam a serviço de um amor egoísta, que coloca as pessoas no centro da relação, já que delas são dependentes. Se, por um lado, cuidar de um animal pode ajudar humanos a ampliar sua capacidade amorosa, por outro podem, também, a depender das condições emocionais e dos vazios que se necessita preencher, reforçar que uma relação de amor precisa evocar a dependência como fator fundamental para se estabelecer.