Ana Canosa

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Falta de sexo: o que smartphones e pornô têm a ver com preguiça de transar?

Amanhã se comemora o Dia do Sexo e a homenagem faz sentido. Sexo traz uma série de benefícios para o corpo e pode ser fonte de bem-estar emocional, quando praticado com outras pessoas, de maneira consentida e prazerosa. Uma pergunta-chave para compreender por que você não está usufruindo de suas benesses pode ter relação com as respostas que você dá a esta pergunta: por que você faz sexo?

Se for só para se sentir amada, corre o risco de permitir que a relação seja orientada pela outra pessoa, não comunicando os próprios desejos e práticas que lhe excitam. Se faz por obrigação, muito provavelmente já vai para a relação com sentimentos negativos. Em uma relação sexual prazerosa, todas as pessoas envolvidas são protagonistas e sabem negociar práticas e espaços. A comunicação — verbal ou corporal — é fundamental para garantir que todos possam brilhar e se divertir.

O app Happn realizou uma pesquisa com cerca de 1.400 usuários brasileiros: para 95%, a comunicação franca sobre desejos sexuais é fundamental para aprimorar a intimidade e nutrir a satisfação nas relações. Mas não foi esse que me chamou tanto a atenção, e sim a importância do sexo para um relacionamento: 77,5% dos respondentes concordam que promove conexão emocional e física, sendo os com mais de 35 anos os que mais acham o sexo fundamental (83%), seguidos dos com idades entre 26 e 34 (78%). Por último aparece a Geração Z (18 a 25 anos): 60% consideram essencial.

Será que a juventude tem outras motivações para não dar bola para sexo? Talvez nossos jovens estejam valorizando outras características nos relacionamentos, como os interesses em comum, tão afogados que estão pelas atividades profissionais. Quem sabe, busquem outras necessidades na partilha com parcerias e estejam menos sensíveis ao contato corporal.

Nesse sentido, a sexualidade pode estar mais desinvestida do prazer físico que um encontro sexual pode oferecer. Quem sabe, com o excesso de oferta para sexo casual, quando pensam em um relacionamento, deixem essa dimensão de lado, para focar em outras características que julgam necessárias para uma relação afetiva de qualidade.

No entanto, estudiosos do comportamento sexual e afetivo na juventude acreditam que o uso indiscriminado de smartphones e rede sociais os está distanciando fisicamente e tornando as relações mais superficiais. Um levantamento da Universidade da Califórnia, por exemplo, mostra que quatro em cada dez jovens não tiveram parceiros sexuais ao longo de um ano.

Com o incremento dos estímulos visuais de filmes pornográficos, que provocam gratificação rápida, há quem sustente que a masturbação tem sido a via principal de descarga de tensão sexual e os deixe satisfeitos — e mais preguiçosos na busca por sexo com outra pessoa. A Geração Z parece menos apetente e talvez nem achem importante comemorar o dia de amanhã.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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