Ana Canosa

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Opinião

Como investigar as fantasias sexuais de seu par e esquentar a vida a dois

Fantasias sexuais são um importante fomento para a excitação e ajudam muito a esquentar uma cena sexual que nem sempre está tão interessante assim. Antes de as pessoas se engajarem em uma relação amorosa, as fantasias muito provavelmente já existem e fazem parte de um dicionário erótico individual. Então, não é porque simplesmente alguém está em um relacionamento que elas sumirão do seu mundo onírico.

O que com frequência acontece, em casais que se apaixonam, é o encontro sexual bastar, ser suficiente para uma explosão sexual. A outra pessoa assume o protagonismo da motivação sexual, investida que está de todos os ideais de seu objeto de amor. Com o tempo e o arrefecer do apaixonamento, quando a novidade e o mistério que alimentam o desejo diminuem, é comum que as fantasias sexuais retornem e que outros personagens e situações virem fonte de novidade.

Além disso, o mundo imaginário pode compensar questões individuais, como se sentir desejado ou em situação de poder, quando a insegurança nos ronda. Também é fato que a insatisfação sexual conjugal leva as pessoas a fantasiarem com mais frequência, comparado àquelas que se sentem mais felizes em seu relacionamento, o que torna o tema sensível para o equilíbrio da relação. Devemos ou não as dividir com o par?

Já vi todo o tipo de reação e falta de tato nesse campo. Desde a pessoa que se indigna quando a parceria traz um desejo até bem comum e simples, como ser xingada durante o sexo, até a pessoa que, da noite para o dia, resolve verbalizar que deseja fazer sexo com a melhor amiga da mulher, ignorando todo o ciúme que é capaz de fazer um vulcão extinto eclodir em erupção.

É importante que as pessoas tenham cautela para introduzir esse assunto. Embora as fantasias sejam vividas no plano do imaginário, elas têm um domínio favorável sobre o mundo real e podem servir como um mecanismo para a manutenção de relacionamentos a longo prazo. Fantasiar com o par foi positivamente associado ao aumento do desejo e de comportamentos positivos no relacionamento, como mais elogios, afeto e sexo.

Uma forma lúdica de investigar as próprias e as fantasias sexuais da parceria é com a troca de contos eróticos, em podcasts. O primeiro desafio é encontrar uma voz que lhe agrade, pois nem sempre isso acontece. Depois é acessar os vários episódios, um por vez, identificando quais narrativas eróticas lhe parecem mais excitantes. O exercício é reconhecer qual é a fonte de excitação. São as personagens e a dinâmica estabelecida entre elas? As práticas sexuais? O cenário? O contexto? Essas fantasias podem ser utilizadas para práticas masturbatórias ou ajudar no foco do erotismo na relação sexual.

Essa mesma atividade em casal envolve o conhecimento da fantasia pelo outro. Se um conto erótico for entendido como excitante, a pessoa deve enviar o link para a parceria, por WhatsApp, a fim de que a pessoa conheça suas aspirações imaginárias. Essa troca deve ser aberta à aceitação do desejo da outra pessoa — recriminações e ausência de resposta são proibidas.

Ter fantasias não significa concretizá-las: é importante dar contorno sobre limites, quando necessário (não verbalizar desejo por pessoas conhecidas, por exemplo, uma temática sensível para muitas pessoas) e reforçar que a interação é importante, que cada um faça comentários positivos e, quem sabe sexuais, se assim se sentirem à vontade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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