Ana Canosa

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Opinião

Como será o sexo no futuro? Misturas do real e virtual têm robô e holograma

Segundo o relatório "Future of Sex", de Jenna Owsianik e Ross Dawson, até 2028, um quarto dos jovens já terá tido uma experiência de sexo à distância: vibradores inteligentes ultraconectados e interativos, travesseiros conectados, partes do corpo em 3D, shows de webcam táteis ao vivo, amantes holográficos etc. Cada vez mais as pessoas farão cibersexo tendo experiências sensoriais, solo ou acompanhadas por uma parceria ou múltiplas, sex-games para múltiplos jogadores, avatares sexuais hiper-realistas, comunidades sexuais alternativas on-line etc. Poderemos escolher avatares para ser quem quisermos em mundos virtuais realistas.

Além disso, é esperado o crescimento do entretenimento imersivo: aventuras sensuais que misturam o físico e virtual, experiências multissensoriais com tecnologia tátil, shows, lives sexuais imersivas etc. Será possível ter encontros íntimos com hologramas de suas personagens e pessoas favoritas. Certamente, será um mercado a se explorar, ampliando as possibilidades de profissionais do sexo e famosos — imaginem se a discussão gerar entre aquela personagem original da outra criada por IA, mas sem a autorização do dono? Saberemos distinguir o fake do original?

Quem acompanha o desenvolvimento de bonecos sexuais hiper-realistas, em tamanho real, com textura de pele que simulam a humana e dotados de IA, sabem que falam, conversam, memorizam as preferências sexuais de seus donos e podem até enviar e-mails. A previsão é de que até 2045, 1/10 dos jovens já terá feito sexo com um robô humanoide.

Segundo as reflexões da minha colega Rosangela Frota, toda essa experiência poderá fazer surgir uma nova orientação sexual que represente a atração sexual de pessoas que fazem sexo exclusivamente com máquinas, como no filme "Ela", que mostra uma relação amorosa e erótica entre um homem e o sistema operacional Samantha.

Se você se admira com o surgimento das novas siglas a representar a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero, os fictossexuais, por exemplo, são pessoas que se atraem por personagens fictícios, mas não exclusivamente digitais. Talvez a comunidade inclua termos mais específicos, como digitossexuais, avatossexuais — no futuro bem próximo, haverá pessoas que nunca se relacionarão com humanos.

A psicóloga e socióloga Sherry Turkle, pesquisadora da relação do humano com objetos computacionais, questiona se faz sentido falar de mundo digital e real. O digital não seria a nova forma de real? Há desafios quando pensamos em relações afetivas e conjugalidade: é possível chamar de vínculo amoroso uma relação com algo que é capaz de interagir, mas não sente? Um robô pode aceitar um pedido de casamento? Um casal poderá fazer um ménage à trois com um robô ou holograma em uma experiência imersiva, mas manter fechada a relação de carne e osso? Isso seria considerado monogamia ou não monogamia? Por enquanto, temos mais perguntas do que respostas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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