Ela foi à massagem tântrica, teve um orgasmo e quis abraçar a massagista
Paula, movida pela curiosidade em experimentar uma massagem tântrica, escolheu a terapeuta Asha pelas redes sociais.
Sem queixas sexuais, Paula desejava apenas proporcionar a si mesma um momento de prazer. Ao chegar para a sessão, sentiu-se bem recebida em um ambiente charmoso, confortável e aromático, onde conversou com Asha sobre sua percepção da sexualidade e expectativas com a massagem sensitiva.
Iniciaram com um exercício de respiração para relaxamento, seguido pela massagem sensitiva, uma abordagem suave e íntima que busca aumentar a consciência do corpo.
A massagem sensitiva, também conhecida como massagem sensual, vai além das zonas erógenas óbvias, promovendo a consciência corporal e aprimorando as experiências sensoriais. Também engloba estimulação genital, podendo levar as pessoas a orgasmos intensos e, às vezes, múltiplos.
Originária da filosofia Tantra, busca a expansão da consciência e a integração do corpo, mente e espírito, estimulando a aceitação incondicional e o equilíbrio energético. A prática envolve toques gentis, comunicação clara, ênfase na respiração e mindfulness.
Para muitos, é uma experiência que promove autoconhecimento e uma autopermissão ao prazer, tão difícil para as mulheres, pouco estimuladas a essa busca.
É importante notar que essa prática difere de serviços eróticos, sendo realizada por profissionais treinados para promover relaxamento e bem-estar. Infelizmente, há muitos serviços de massagem erótica disfarçado de massagem Tântrica, que, a depender do valor cobrado ou da disponibilidade do(a) "terapeuta" envolve prática de sexo, algo que à priori não deveria ocorrer.
Mas no caso da Paula, o que aconteceu foi o inverso: após ter um orgasmo intenso, a terapeuta que estava sentada entre suas pernas continuou massageando seu corpo, fazendo com que a sua sensação de êxtase se prolongasse de maneira intensa. Ela se entregou ao prazer, gemendo, se contorcendo, sem se preocupar com julgamento alheio. Sentiu como se Asha "esculpisse o seu corpo". Em um ímpeto, sentou-se e teve vontade de abraçar a terapeuta, mas conseguiu se controlar e voltou a se deitar.
Quando a massagista terminou, deixou-a sozinha por alguns minutos, para que recobrasse os sentidos, garantindo que ela estava bem. Colocou a roupa, se despediu e saiu porta afora se sentindo a mulher mais poderosa do mundo.
Mas, como mulher, criada no contexto patriarcal de submissão e recato, ficou com a sensação de que não deveria ter tido aquela vontade, pensou se não foi na verdade uma necessidade meio primitiva de 'abraçar qualquer coisa' logo no pós-orgasmo. Sentiu-se um tanto inadequada, quem sabe não tenha sido invasiva, diante de uma terapeuta tão cuidadosa e profissional. Lá vem a culpa cortando o barato do prazer legítimo e autônomo que se deu, através das mãos de outra pessoa.
Conversando mais, Paula revelou sua atitude sexualmente ativa e a satisfação em dar prazer aos seus parceiros. A atração por Asha foi confessada nas entrelinhas, descrevendo-a como linda, iluminada e capaz de proporcionar excitante cuidado. Alguém que a conduziu para esse mergulho na sua própria existência, e que encontrou, humanos que somos, um erotismo repleto de cenas quentes e sexuais.
Então, caiu meio que por terra a exclusividade da teoria do abraço como necessidade de se agarrar a algo, pois aquele ser tinha nome, CPF, habilidade e luz.
Eu disse que se despreocupasse, pois ela não chegou a tocar na terapeuta, que já deve estar mais do que acostumada com isso. Que diante de uma grande excitação, é possível mesmo querer se engalfinhar com outro(s) corpo(s), mesmo que a intenção inicial não tenha sido essa. E que ela tinha vivenciado o tão comum dilema entre desejo e moral, uma questão pessoal e não da terapeuta.
Que bom que a tenha respeitado, afinal consentimento é palavra de ordem, sempre, em qualquer situação.
Diriam os adeptos do Tantra que na verdade temos é dificuldade de simplesmente deixar a energia sexual circular e abandonar a necessidade de que uma relação sexual precise sempre acontecer.
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