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Opinião

Excitação física e subjetiva: estímulo e desejo se unem para nos dar prazer

Nem sempre a excitação fisiológica, do corpo, acompanha a experiência subjetiva de sentir-se excitada, a excitação da mente, a que abrange a avaliação psicológica de vivências emocionais. O desejo que responde a estímulos sexuais depende de fatores internos e externos relevantes.

Pode existir o fluxo sanguíneo acontecendo na genital, mas também é preciso entender como o afeto, os pensamentos, a percepção do corpo, consciência emocional, confiança, desejos, objetivos, todas essas outras questões entram na equação matemática que vai dizer se o resultado é só excitação física ou subjetiva também.

O discurso é que o desencadeamento da motivação sexual, que emerge do estímulo físico, requer um processo de várias etapas que envolve não só a exposição a um assunto sexualmente relevante, mas a avaliação individual de como esse estímulo será sexualmente motivador para que um comportamento sexual específico aconteça. É como se a excitação fosse uma engrenagem em que estímulos específicos levam a resultados específicos. A conexão entre a excitação e o desejo é reforçada reciprocamente, mas não necessariamente objetiva o mesmo fim, pois depende do tipo de gratificação que se espera obter.

Sabe aquele ditado que diz que 'os fins justificam os meios'? O desejo por sexo pode ser o desejo de se masturbar ou de transar com outra pessoa, por exemplo. Quando analisado, as razões mais frequentemente citadas por mulheres para praticarem masturbação sozinhas envolveram experimentar prazer, ter um orgasmo ou vivenciar uma libertação sexual. Já quando o sexo envolve outra pessoa, o prazer sexual é a razão mais frequentemente citada, principalmente para encontros sexuais casuais. Quando o desejo é uma relação romântica, a experiência mais requerida é a de intimidade. Sabendo qual sensação emocional você procura no fim, é possível imaginar qual aventura você quer para o meio.

Quando se trata de desejo de relação sexual com outra pessoa, existem vários tipos possíveis de parcerias sexuais, dependendo das consequências esperadas evocadas do sexo com essa pessoa. Uma mulher pode evitar fazer sexo com um parceiro que a atraia sexualmente, caso sinta que espera dessa interação uma intimidade emocional que ele não está disposto a oferecer, como uma maneira de não se expor ao envolvimento que poderá fazê-la sofrer. Também é comum que essa evitação se dê em contextos relacionais conflituosos, quando a intimidade emocional está comprometida e já se espera, de antemão, que ela não aconteça após a atividade sexual.

Não basta que as pessoas sejam estimuladas sexualmente por suas parcerias de compromisso para desejarem fazer sexo com elas, pois é a natureza do desejo que abre ou não a possibilidade de se engajar na atividade sexual. Se o desejo é de intimidade, não basta a gratificação física e vice-versa. Por isso encontramos tantas pessoas para quem a masturbação solo é uma prática constante, mas que estão há muito tempo sem fazer sexo com suas parcerias, por falta de uma recompensa especifica que mobilizaria a excitação sexual subjetiva.

Também é comum observar que muitas pessoas usam imagens eróticas para promover excitação quando estão sozinhas, mas sentem constrangimento de fazer isso ao lado do par amoroso, como se a fantasia sexual individual não pudesse ser exposta a uma relação da qual esperam mais do que só excitação física, orgasmo e prazer. Nesses casos há um sentimento de ameaça a intimidade emocional, normalmente causado pelo medo do julgamento da parceria sobre as fantasias individuais.

Assim, existem vários alvos do desejo sexual que são distintos uns dos outros. Diferentes tipos de desejo representam diferentes significados e expectativas dependendo do contexto e, portanto, podem ser influenciados de maneira diversa pela exposição a estímulos sexuais.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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