Quantos minutos configuram uma ejaculação precoce? E tem como prolongar?
Não fosse o fato dele ter ido procurar ajuda, a esposa nunca teria sabido. Pode parecer surpreendente uma mulher não perceber que o marido ejacula rápido, mas não é. A percepção denota algo totalmente subjetivo, referenciais pessoais são construídas a partir de experiências anteriores, crenças, conhecimento, apreensão sobre as sensações corporais e emoções diante das situações. Assim, não é toda mulher que sabe que o marido tem ejaculação precoce.
Para começo de conversa, é importante conhecer o Carlos, um sujeito que apoia a valorização sobre si mesmo, no campo profissional. Ele trabalha muito e é ótimo, embora seja constantemente assombrado com a insegurança, principalmente quando muda de posição na empresa. Está lá há mil anos e já deixou passar algumas oportunidades, porque é seduzido pela ideia de garantir o que está na mão, o conhecido, o 'time que está ganhando não se mexe'. Atualmente, Carlos é gestor de uma área inteira e controla cada processo, o que lhe rende alguma tensão e alimenta a sua ansiedade.
No campo pessoal, sua vida é estável, com ritmo constante e ele se sente satisfeito com uma companheira ativa, que também curte trabalhar e que tem hábitos e valores assemelhados aos seus.
Mas claro, a vida nunca é um mar de rosas e sempre tem alguma coisa para nos lembrar que somos imperfeitos, não é mesmo?
Talvez a estabilidade do momento tenha lhe permitido olhar para seu desempenho sexual ou talvez Carlos tenha tido coragem para falar sobre o assunto com alguém por estar mais seguro... O fato é que, de modo meio envergonhado, Carlos chegou até mim.
Carlos reclama que ejacula rápido demais. Mas quão rápido? Esta também é uma percepção subjetiva. Segundo um dos manuais de diagnóstico, um critério é: gozar em menos de 1 minuto de estimulação. Em outras épocas, já determinaram por número de movimentos (até 10).
Mas o critério para chegar a conclusão não é o mais importante, o foco é no prejuízo físico ou emocional causado no sujeito ou em quem se relaciona com ele. E sobre isso Carlos tinha certeza, ao menos no que se refere a ele, e sobre a esposa tinha quase certeza.
Desde o começo falamos sobre trazê-la para o processo. O que ele negou veemente, afinal, já se iam mais de sete anos de casamento e ele nunca conversou com a esposa sobre isso.
Trabalhamos sua autoestima diante do que ele entendia como performance sexual. Exercícios para controle de ansiedade e exercícios masturbatórios para controle da ejaculação. Ampliamos o papo para a família, (que ele também se sentia responsável por cuidar e controlar), trabalho e afins.
Ele melhorou o controle na masturbação, mas ainda ia para a relação sexual com o medo que um dia a mulher olhasse para ele e dissesse: 'mas já?'. Depois de convencê-lo que, sem falar sobre isso com a esposa, ia ficar mesmo mais difícil de ajudar nessa parte, ele falou com ela. A esposa de Carlos compareceu em uma sessão, meio sem entender bem sobre o que seria (claro, que ele não conseguiu dizer exatamente o que essa terapeuta queria e nem que tipo de terapia ele fazia). Eles vieram juntos, e ela subiu sozinha primeiro (e ele quase teve uma crise, esperando lá embaixo).
Nos cinco primeiros minutos, eu já tinha percebido que ela não fazia ideia da angústia do marido: 'ejaculação precoce?!'. Tinha na expressão dela um misto de interrogação e alívio tão grande, que ela precisou de mais dez minutos para focar no tema.
Percebemos que o script sexual que eles costumavam seguir, garantia a ela uma ótima excitação. Ele investia muito nos beijos, fazia questão de lhe oferecer um sexo oral primoroso e quando ela estava quase gozando, ele a penetrava, o que a fazia ter o orgasmo combinado (clitóris + penetração).
Como ficava meio fora de órbita, gostando da sensação do pós-orgasmo e também por precisar de um tempo para aceitar toques nesse período, o fato dele gozar em seguida, não era uma questão. Quando exploramos o tema ela foi se dando conta que sim, pouco tempo de penetração e sim, que o marido resistia em mudar o script, inibindo inclusive maior atividade dela. Mal acreditava que o marido estava sofrendo tanto em silêncio e por tanto tempo.
Quando ele entrou na sala e se sentou ao seu lado, de frente para mim, cabisbaixo, ela segurou cuidadosamente o seu rosto, olhou nos olhos dele, beijou a sua boca e lhe abraçou tão profundamente, que nós três transbordamos, como num orgasmo, cujo gozo vaza pelos olhos.
Deixe seu comentário