Dificuldade em chegar ao orgasmo pode ter várias causas - e soluções
Alguns casos de transtorno de orgasmo são bastante desafiadores. Estatisticamente, mulheres tem mais o que se chama de anorgasmia do que homens e as motivações para isso estão mais relacionadas a aspectos socioculturais.
Mulheres não foram estimuladas a viver com liberdade o prazer sexual, têm menos conhecimento sobre a fisiologia da resposta sexual e da anatomia genital. A ciência não ajudou, pois durante muito tempo esqueceu do clitóris e não se preocupou com fases nas quais as mulheres sofrem com alterações drásticas no seu corpo e psique, como na menopausa por exemplo.
À exceção de problemas de ordem biofisiológica, como no caso de algumas doenças crônicas, alterações neurológicas e lesões medulares, além do uso de medicações que retardam o orgasmo, algumas pessoas ainda assim se queixam de que não conseguem atingir o clímax e não respondem às intervenções clínicas que temos disponíveis.
Pessoas que têm uma latência de orgasmo mais longa (tempo do início de uma estimulação genital até a vontade de gozar), podem "cansar" fisicamente e desistir de ter um orgasmo. Embora possa parecer interessante uma penetração de 30 minutos, na prática o tempo médio de cópula entre humanos é de 7 minutos - três vezes menor.
Quando o problema é situacional e está na relação sexual com outra pessoa, fica mais fácil compreender que a função do orgasmo está preservada, pois ela acontece na masturbação. Então ajustes como trazer a masturbação para o jogo erótico do casal pode ser uma saída.
Para muitas pessoas, a relação sexual com alguém é estimulante, pois o prazer alheio é um aditivo de excitação. Portanto, têm mais facilidade para gozar nesse contexto. No entanto, podem também ser mais afetadas quando a parceria não demonstra tanta excitação ou não consegue gozar.
Para outras, no entanto, o sexo compartilhado é sempre um espaço de ansiedade, mesmo que se tenha tesão pela parceria.
Algumas pessoas são atravessadas por pensamentos de autocritica, sobre como a parceria avaliará a sua performance e sabemos que, sem relaxamento e entrega, fica mesmo mais difícil ter prazer.
Sentimento de culpa, censura, urgências cotidianas, percepção rebaixada da autoestima e da autoimagem, tudo isso dificulta a percepção das sensações.
Para pessoas com esse perfil, além de trabalhar o tema em psicoterapia, exercícios de mindfulness, aliados à respiração, podem ajudar. Ativar fantasias sexuais mentais também ajuda a focar no tema. O uso de vibradores pode intensificar o estímulo para que o orgasmo aconteça.
Mas, em alguns casos de anorgasmia, é o vínculo afetivo que torna a relação sexual ameaçadora. O receio de ser abandonado por alguém significativo torna a relação sexual um cenário repleto de expectativas.
O transtorno de orgasmo pode também ter relação com uma espécie de dissociação entre mente e corpo, sendo rebaixada a percepção sensorial dos estímulos, que são sentidos como quase inexistentes. A excitação nunca cresce o suficiente e a pessoa parece estar sempre se observando, como se estivesse fora de si mesma.
Em todos os casos de uma dificuldade persistente na obtenção de orgasmo, uma avaliação multiprofissional pode se fazer necessária. A investigação do erotismo, bem como práticas sexuais e melhores posições que fomentem a excitação, é fundamental para encontrar cenários favoráveis.
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