Ana Canosa

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Opinião

Do primeiro encontro ao relacionamento longo, o beijo importa - e muito!

Uma enquete do app Happn com mil usuários brasileiros revelou que 92% beijam no primeiro encontro se o date for agradável. 81% consideram a química e a conexão emocional primordiais para um beijo perfeito, 10% prezam pela habilidade técnica e 8% acham que o ambiente é o mais importante para despertar o melhor do momento. 71% preferem receber beijos mais apaixonados e intensos, enquanto 20% gostam mais de beijos suaves e delicados.

O beijo é a primeira "penetração" que fazemos no corpo do outro. Muitas vezes pode ser abrupto, forte, quase agressivo. Noutras ameno, carinhoso, afável, sensível e isso também faz diferença. Para os amantes de um bom beijo, quando tudo se encaixa perfeitamente é uma delícia, afinal a química do beijo estimula várias substâncias envolvidas no sistema de prazer, atração, euforia e ternura, como dopamina, oxitocina, endorfinas, adrenalina, serotonina, feromônios.

Claro que alguém pode aprimorar seu beijo para agradar a parceria, mas mudar totalmente a maneira de beijar, a textura da língua, não dá. Dizem que, sob o ponto de vista evolutivo, se o beijo é usado na avaliação de um parceiro, as fêmeas tendem a valorizá-lo mais.

O aspecto sociopsicológico do beijo revela que a intimidade é um fator importante e que, pessoas podem evitar beijar durante o sexo por falta de laços íntimos.

Pessoas com estilo de apego evitativo, por exemplo, que se esquivam de conexões de intimidade, beijam menos do que aqueles que não têm medo de se entregar.

Alguns estudos encontraram evidências que, quanto mais beijo, maior o nível de satisfação sexual, em especial as mulheres. Um estudo de 2018 com uma amostra muito grande de pessoas de várias orientações sexuais revelou que as mulheres são propensas a experimentar um orgasmo quando suas parcerias as beijaram profundamente durante a relação sexual. Em outra pesquisa, homens relataram que o beijo de boca aberta com língua previu satisfação sexual, em comparação ao "selinho".

Aliás, é relevante destacar que homens em relações duradouras de compromisso apresentam mais dificuldade de dar uns beijos profundos em suas parcerias, sem que haja intenção sexual - a reclamação oficial de boa parte das mulheres que, mesmo excitadas, curtem uns beijões por si só.

Talvez isso tenha relação com a maneira que fomos educados (as), sendo as mulheres orientadas a resistir sexualmente - portanto aproveitam mais os beijos - e os homens a não postergar oportunidades sexuais - usando-os mais como mecanismo de excitação.

Os beijos 'românticos' não estão presentes em todas as culturas. Na África Subsaariana, o beijo na boca pode ser considerado impróprio ou até mesmo desconhecido como uma prática romântica.

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Os "Mehinaku" na Amazônia, também não veem o beijo na boca como uma prática comum ou desejável. Na Mongólia e em algumas partes da China, o beijo na boca não é uma expressão comum de afeto, especialmente em público. Em vez disso, gestos como segurar as mãos ou encostar os rostos podem ser mais comuns. Os esquimós praticam com mais frequência o "beijo do nariz" ou "beijo de esquimó", onde esfregam os narizes juntos em vez de beijar na boca.

Aqui no Brasil, os mais ousados são, certamente o dos adolescentes, que não respeitam fila, nem horário, nem ninguém. Denunciam seu desejo abertamente, para quem quiser ver, em longos beijos e abraços, a luz do dia. Claro que exageram, não tenho dúvidas, mas são eles que nos salvam de um cotidiano corrido, estressante, e sem graça. Pode ser que muitos se incomodem, mas sinceramente acho uma linda cena quando estão ali, encostados na parede de alguma plataforma de estação de metrô. Beijando. Curtindo. Amando.

Pode ser que alguns gostem de beijar 10 em uma mesma festa, outros valorizem mais a qualidade. De bicocas cotidianas, estaladas e engraçadas nas crianças, nas bochechas dos amigos, a beijões em nossos pares amorosos, o fato é que de beijinho em beijinho vamos preenchendo a nossa reserva de felicidade!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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