Gozar é indispensável ou opcional? Como homens e mulheres esperam o orgasmo
Sabemos que o orgasmo é o ápice da experiência sexual, no sentido biológico do termo, pois desencadeia uma série de sensações prazerosas e descarrega a tensão sexual acumulada.
Não ter um orgasmo, porém, não reduz a experiência, pois toda as práticas envolvidas no sexo podem ser prazerosas. Em relacionamentos românticos, a intimidade emocional é um componente que acrescenta um prazer subjetivo adicional, por exemplo.
Uma pesquisa com jovens norte-americanos buscou avaliar as expectativas sobre orgasmo e intimidade emocional no sexo com parcerias românticas e se haveria diferença entre os gêneros. Os resultados demonstraram que tanto homens, quanto mulheres esperam ter prazer e conexão emocional com parcerias com as quais estão envolvidos romanticamente.
No entanto, os homens têm expectativa maior sobre o prazer sexual obtido pelo orgasmo, do que as mulheres. Quase metade deles esperavam que o orgasmo acontecesse na relação sexual e somente 5% das mulheres esperavam o mesmo.
Essas diferenças de gênero e de amostra permaneceram quando contabilizadas a idade, a identidade não heterossexual e o número de relações sexuais anteriores, revela o artigo.
Os pesquisadores também buscaram entender quais dos três fatores mais influenciavam no desejo sexual pela parceria: prazer do orgasmo, prazer não-orgástico e intimidade emocional.
Os resultados mostraram que, tanto para homens, quanto para mulheres, embora todos os fatores tivessem efeito no desejo sexual, a proximidade emocional foi mais valorizada, seguida do prazer não-orgástico, mostrando que uma relação sexual de qualidade, que envolve prazer físico e emocional, é motivadora para se desejar a parceria, mesmo que o orgasmo não aconteça.
O sexo, em relações românticas, é uma via através da qual as pessoas promovem e fortalecem a sua ligação emocional com suas parcerias.
O estudo é interessante porque revela que o orgasmo não é o fator mais relevante na experiência de prazer e de desejo pela parceria. No entanto, ao envolvê-lo como expectativa na relação sexual, os homens provavelmente têm mais facilidade para buscá-lo, como prazer adicional, do que as mulheres.
Confesso que pensando no contexto atual, de maior liberdade sexual e melhor entendimento sobre a resposta sexual feminina, as expectativas sobre orgasmo na amostra de mulheres jovens me pareceram baixas demais.
Parece que os efeitos negativos dos séculos de repressão sexual feminina ainda incidem sobre a juventude, não facilitando que a experiência física do prazer orgástico seja também valorizada nas relações sexuais, empobrecendo a experiência sexual das mulheres.
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