Casar ou ser rico? Há sinais que a 'vida plena' não está em nenhum dos dois
A vida nos coloca diante de três grandes campos aspiracionais. Um diz respeito ao projeto de vida, que envolve as metas do que se deseja atingir e normalmente estão relacionadas a conquistas no campo profissional, financeiro, intelectual, casamento, filhos, lazer e outros. Outro campo tem mais relação com as emoções, como o desejo de amar e ser amado, ser desejado(a), ter significado na vida dos outros, ser reconhecido(a), apoiado(a), compartilhar a vida. Um terceiro segmento tem mais relação com o desenvolvimento pessoal e a espiritualidade, quem se deseja ser no mundo.
Uma das grandes mudanças observadas na geração Z é a resistência a incluir a relação romântica como um elemento que compõe o projeto de vida. O foco é, sem dúvida nenhuma, naquilo que pode levar a pessoa a desfrutar de uma vida feliz, como o sucesso profissional, o passaporte para a aquisição de prazeres.
A busca por conexão está nas relações de amizade. A falta de crença na relação romântica como fonte de satisfação é, sem dúvida nenhuma resultado de como as gerações anteriores experimentaram o casamento mais como um componente do projeto de vida e menos na experiência cotidiana de partilha e afeto.
Certa vez eu li um estudo interessante sobre bem-estar. Primeiro os pesquisadores perguntaram a muitas pessoas sobre quais os elementos que compunham o que elas entendiam por bem-estar.
Chegaram a dois grupos de significado: um dizia respeito a alcançar metas relacionadas ao projeto de vida pessoal o que nomearam de "bem-estar global". O outro se referia mais a gratificações nas vivências cotidianas, como partilhar intimidade, conviver alegremente com outras pessoas - o que chamaram de bem-estar pessoal.
Em um segundo momento, aplicaram ferramentas de avaliação para os dois conceitos de bem-estar e compararam com o estado civil. O resultado mostrou que, quando as pessoas têm a formação de casal/família como parte de seu projeto de vida, os casados obviamente pontuaram mais, afinal já tinham essa conquista.
Mas quando avaliaram os resultados para bem-estar pessoal, perceberam que não importava o estado civil, mas sim a qualidade dos vínculos que podem gerar satisfação cotidiana.
Isso significa que as pessoas podem se sentirem satisfeitas com a ideia de serem casadas e ter uma família, mas não com a experiência em si, que pode ser bastante pobre em trocas afetivas e fortalecimento das individualidades.
Ser rico por exemplo, uma meta que muitos(as) querem atingir, pode ser uma ideia bem satisfatória, mas isso não basta para que a vida cotidiana seja uma experiência significativa e reconfortante.
Diante disso, fica claro que, embora as metas de sucesso e conquistas materiais sejam importantes, o verdadeiro bem-estar está profundamente ligado à qualidade de nossos relacionamentos e à capacidade de cultivar vínculos afetivos saudáveis.
Ter uma vida plena vai além de atingir objetivos e acumular realizações; trata-se de criar conexões autênticas, compartilhar momentos de intimidade, apoio e crescimento mútuo. Independentemente do estado civil ou da inclusão de um relacionamento no projeto de vida, a essência de uma existência reside na riqueza emocional que experimentamos no cotidiano.
Afinal, são essas trocas afetivas que tornam a vida realmente significativa e nos proporcionam um sentido duradouro de pertencimento e realização.
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