Avanço, mas sob preconceito: o que é o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS
O Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, celebrado em 1º de dezembro, é uma data para refletir sobre os avanços científicos, sociais e de saúde pública na resposta ao HIV.
Desde os anos 1980, quando a epidemia emergiu, a ciência transformou um diagnóstico que antes era quase sempre fatal em uma condição crônica gerenciável. Isso foi possível graças ao desenvolvimento do tratamento antirretroviral (TARV), que suprime a replicação do vírus no organismo.
A prevenção também evoluiu com a introdução da profilaxia pré-exposição (PrEP) e da profilaxia pós-exposição (PEP). A PrEP, um comprimido diário, é eficaz para prevenir a infecção antes de uma possível exposição. Já a PEP, administrada em até 72 horas após uma situação de risco, é uma alternativa de emergência que também protege contra o HIV. Ambas estão disponíveis gratuitamente pelo SUS e é necessário acompanhamento médico.
Um dos marcos mais importantes dessa evolução é o conceito de carga viral indetectável. Pessoas vivendo com HIV que seguem corretamente o tratamento podem atingir níveis do vírus tão baixos no sangue que ele se torna indetectável. Além de preservar sua saúde, essa condição elimina o risco de transmissão sexual, consolidado pelo lema "Indetectável = Intransmissível" (I=I). Isso reforça a importância do acesso universal, proporciona qualidade de vida e valoriza a saúde sexual e reprodutiva das pessoas vivendo com HIV.
Dados do último relatório do UNAIDS lançado recentemente demonstram que em 2023, 30,7 milhões de pessoas estavam em tratamento, o que corresponde a 77% das pessoas que vivem com HIV no mundo. Comparado aos 7,7 milhões no ano de 2010, foi um avanço significativo na redução das mortes relacionadas.
Uma vida (quase) normal
Milhões de pessoas vivem com HIV e levam vidas saudáveis, trabalham, têm relacionamentos e realizam seus projetos pessoais. No entanto, os desafios persistem.
Apesar dos benefícios do tratamento, o preconceito e o estigma ainda impactam a vida dessas pessoas, muitas vezes dificultando o diagnóstico precoce e o acesso a cuidados de saúde. Barreiras sociais, discriminação e falta de informação continuam sendo problemas significativos.
Mesmo em relações sexuais protegidas, alguns fatores podem impactar emocionalmente as pessoas. O medo do contágio é uma das preocupações mais comuns, mesmo com o uso de preservativos, devido ao receio de falhas, como rompimentos ou vazamentos.
Além disso, há a preocupação com outras ISTs que o preservativo não protege totalmente, como o HPV, herpes e Mpox, transmitidas por contato pele a pele. Esse tipo de vulnerabilidade pode gerar insegurança adicional.
O estigma relacionado ao HIV também desempenha um papel significativo, criando medos irracionais e desnecessários mesmo quando a prática sexual é segura, já que muitas pessoas desconhecem o conceito "Indetectável = Intransmissível e essa desinformação perpetua ansiedades desnecessárias e reforça preconceitos.
Outro fator relevante é a desconfiança no histórico da parceria, o que pode levar à insegurança sobre a honestidade em relação ao estado de saúde ou às práticas anteriores. Para alguns, o uso do preservativo também pode ser percebido como uma barreira à intimidade, diminuindo a sensação de conexão emocional na relação.
Essa percepção pode ser agravada por traumas ou experiências negativas passadas, como o rompimento de preservativos ou o diagnóstico de uma IST.
Esses impactos podem ser mitigados por meio de educação sexual, que ofereça informações claras sobre métodos de prevenção, PrEP, PEP e carga viral indetectável. Além disso, conversas abertas e empáticas com a parceria, bem como apoio psicológico, ajudam a reduzir ansiedades e medos infundados. Acesso regular a testes de ISTs e acompanhamento médico também traz segurança e confiança para ambas as partes.
Neste 1º de dezembro, celebramos os avanços e reforçamos o compromisso com uma sociedade mais inclusiva e informada.
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Quero receberContinuar combatendo o preconceito, garantindo acesso ao tratamento e promovendo a conscientização são passos essenciais para superar a epidemia e construir um futuro livre de HIV. Como diz Winnie Byianima, diretora executiva do UNAIDS, "Para proteger a saúde de todas as pessoas, precisamos proteger os direitos humanos de cada pessoa".
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