Que moda vestem os sons que você gosta de ouvir?
Você já parou para pensar o quanto moda e música andam lado a lado? Já escrevi sobre isso aqui mesmo, na coluna que falo sobre o clipe Black is King, da Beyoncé, mas hoje quero trazer esta ideia para algo mais íntimo, mais próximo. Quero contar pra vocês quem são as pessoas, na música, que me influenciam também esteticamente, na moda e em tudo o que se pode comunicar com ela.
Os figurinos, hoje, são partes fundamentais da expressão destes cantores e cantoras. Eles vestem a música que cantam, a coreografia que dançam, tudo o que querem dizer com suas existências. Não é à toa que grandes sucessos da música estão acompanhados de grandes estilistas.
Eu, por exemplo, me conectei com a música muito mais tarde do que me conectei com a moda. E muita gente que eu escuto pra caramba hoje chamou a minha atenção pelo "estilo". A Iza é um grande exemplo. Ainda não me recuperei de uma das primeiras vezes em que a vi, em uma SPFW, antes mesmo de ser super fã da carreira musical dela. Pra mim, a moda funciona demais como uma isca que me leva a ouvir alguém.
Também tem o caminho inverso, quando escuto um som novo e faço uma investigação mental do que será que aquela pessoa está vestindo ou vai vestir no vídeo daquela música. Crio toda uma ideia da linguagem visual do artista enquanto ouço uma música.
Então, hoje, queria compartilhar com vocês quem são os artistas que me inspiram na música e na moda. E para que lugar a junção destas duas potências me leva com cada um deles. Se liguem:
Marcio Costta
Marcio Costta é cantor independente que nos aproxima da música e da estética R&B. Ele quem me apresenta absolutamente tudo deste universo. Em Bye Bye, segundo single de sua carreira, o primeiro a ganhar um vídeo, temos a oportunidade de, para além de ouvir, acompanhar as escolhas estéticas do Márcio, que traduz muito bem a moda que veste este som, vintage e contemporânea ao mesmo tempo, criando uma estética urbana negra que une certo aspecto retrô a uma ambientação futurista.
Malia
Da Malia eu quero destacar o figurino dela e de outros personagens do Kimbala, vídeo que é um plano sequência muito legal. São muitos elementos facilmente identificáveis através das roupas: cultura hip hop e periférica, referências das religiões de matriz africana. Tudo registrado de uma forma muito bonita e harmônica. Nela, leio essa contemporaneidade negra, que resgata e registra nossos códigos.
Xenia França
Ela é a minha grande referência. Traz na música e na moda que a veste a provocação de que criemos referências afrobrasileiras para além da perspectiva sudestina. Através de sua estética sonora e visual, ela também nos oferece a oportunidade - e o desafio - de não estereotipar o que vem da região nordeste. Do que vejo e ouço de Xenia, carrego pluralidade, energia, força e fé.
Mc Soffia
Eu adoro assistir à Mc Soffia. Pra mim, ela é o anúncio de uma nova geração. O anúncio de muitos aspectos de uma liberdade que a população negra, sobretudo as mulheres negras, têm trilhado caminhos para atingir. Ela tem liberdade no ato de se vestir. Muitas coisas que pra gerações anteriores foi enfrentamento, pra ela é natural. É poder vestir e cantar o que quiser.
Majur
Majur me traz latinidade afroindígena. Tem muita referência negra e indígena, essa mistura. Na expressão da moda, da voz, da presença do palco, ela me conecta com vários territórios do sul do globo, nossos irmãos daqui e do entorno. Olho pra ela e vejo Brasil, vejo Colômbia, vejo Caribe. Aliás, fica aqui registrado meu desejo de entrevistá-la. Tenho um sentimento que teríamos um papo incrível sobre moda.
Já parou pra pensar o quanto o que vestem nossos ídolos influenciam não apenas nosso comportamento, nossa leitura de mundo, nosso jeito de vestir? Então, me conta aí nos comentários, que moda vestem os sons que você curte?
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