Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
BBB21 é muito sobre mim; mas por que eu me sinto tão exposta?
Lucas Penteado, Nego Di, Karol Conká e Lumena Aleluia já estão fora desta edição do Big Brother Brasil. Boa parte das pessoas que eu e muita gente celebramos ao entrar acabou sendo colocada diante de muitas questões ao longo dos dias do programa.
Eu queria falar sobre BBB? Honestamente não, mas muitas pessoas que eu gosto demais e que me acompanham pediram para que falasse e eu troquei uma ideia com geral sobre isso nas minhas redes sociais. Agora aproveito para trazer essa reflexão para esta coluna.
O meu problema com o BBB, na verdade, não é com o BBB. Eu tenho problema com competitividade de forma geral. Raramente assisto a jogos, esporte de forma geral, geralmente fico com dó demais da pessoa ou do time que perdeu, sendo meu adversário direto ou não. Não sei se foram as aulas de educação física de que eu fugi na escola, mas o fato é este. Não sei lidar com situações de competitividade.
E o BBB eleva isso ainda mais porque a competitividade não é sobre bola rolando no campo, faz gol, não faz gol e tal. Ali, estamos falando de pessoas, personalidades em disputa. Ao longo do programa, tem coisas que você descobre sobre as pessoas, tem vários problemas sociais se reproduzindo, uma série de outras coisas.
Nesta 21ª edição, por exemplo, fazendo uma lista pequena, algumas situações trouxeram à tona racismo, doença mental, masculinidade negra, bifobia, doença mental, relacionamentos abusivos e machismo. É muito difícil.
Eu me considero uma grande azarada. Levei 20 edições para assistir BBB e na 21ª, onde o caos se instalou "grandão", foi a edição que me comprometi a assistir. E o que encontrei? Um programa que, em mim, gerou muitos gatilhos e me fez sentir muito exposta.
Exposta a várias coisas que acontecem ao meu redor ou mesmo coisas que eu mesma faço e tava passando na televisão brasileira, na Rede Globo, emissora que tem mais de 90% de penetração nos lares no país todo.
Pensei: "isso é muito sobre mim". Mas, depois de me sentir exposta, me perguntei: por que estou me sentindo exposta? Por quê? E cheguei à conclusão que é porque eu sou parte igual àquelas pessoas. E você também. É isso.
Gente! Julgar o outro é gostoso. Ponto final. Ainda mais julgar sem ser julgado. A gente gosta de construir a narrativa da história do outro. Faz parte. É isso e está posto.
Mas eu não sei se sou uma pessoa que gosta muito de se criticar ou se gosto muito de me conhecer. Aí, ao invés de simplesmente fazer o jogo do programa, que é julgar, me coloquei naquele lugar e refleti: "o que de mim tem em cada uma daquelas pessoas?". E, a real é que tem um monte de coisas.
Você também tem um monte de coisas daquelas pessoas que você está julgando. É um fato. O que eu quero dizer é que existe uma mísera possibilidade de você assistir BBB com um olhar pra você. Sim, pra você que não tá lá, mas principalmente, com um olhar pra dentro.
Tudo que acontece no BBB pode sim acontecer com você em qualquer momento da sua vida. Ou está acontecendo agora ou já aconteceu em algum momento.
Agora volta praquela coisa que talvez tua avó, tua mãe, alguém mais velho já te disse: "o que mais te incomoda no outro, geralmente são características próximas às suas". É claro que pode ser algo que te incomode porque mexe com muitas coisas, memórias, traumas, coisas que você acha inadmissível no mundo. Sim! Mas, também pode ser algo que esteja presente em você e merece - ou precisa - ser elaborado.
Você já se investigou para pensar o que cada participante diz sobre você, onde cada discussão te toca? Perceba falas nas outras pessoas que você também falaria. Reações que você também reagiria. Uma bela oportunidade de se observar de fora.
Mesmo que seja muito pisciana essa ideia, tenta! Talvez, depois de meses assistindo ao programa e fazendo esse exercício, você tenha uma compreensão diferente de você mesma. Eu estou achando agora uma oportunidade única, uma oportunidade boa e eu vou me agarrar a essa oportunidade e vim te convidar a se agarrar a ela também.
E não se esqueça! A gente pode ser uma fração de cada pessoa que chama nossa atenção na vida, que a gente observa. Um olhar sobre você diante destas pessoas pode ser muito mais produtivo pra gente se observar e, quem sabe, sermos pessoas diferentes, melhores.
Vamos lá?
Agora, me conta aqui nos comentários. O que você já pode observar dos seus comportamentos nas pessoas que estão - ou estiveram - nesta edição do BBB?
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