Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dá para manter a produtividade em alta no meio do caos? Eu aceitei que não
Tenho sentido uma total falta de ânimo. Está acontecendo aí também? Neste mês de abril, quase não apareci nos Stories, fiz poucas postagens no feed do Instagram e só apareci no Twitter para comentar BBB. O tal Clubhouse nunca mais abri. Até tenho passado muito tempo no TikTok, mas só observando (como vocês já devem ter percebido nos meus últimos textos aqui na coluna), porque a barrinha de disposição para criar conteúdo está completamente descarregada. Só que, desta vez, ao invés de me martirizar pela "baixa" produtividade, eu resolvi lidar com ela.
E é difícil para caramba, viu? Mas, quando esse tweet da Thais Fabris passou na minha timeline, uma chavinha virou dentro de mim. "Se cobrar produtividade máxima enquanto o mundo acaba em câmera lenta ao nosso redor é também uma espécie de negacionismo", ela diz. E é. Ao ignorar todo o ambiente e a conjuntura que vivemos e como eles afetam a gente, negamos a nossa humanidade. Negligenciamos as nossas necessidades mais básicas.
Dias depois, ainda com o tweet da Thais ecoando na minha mente, leio uma matéria do jornal The New York Times, traduzida pela Folha de S.Paulo, sobre essa desconfortável emoção que deve predominar 2021: o definhamento. "É um sentimento de estagnação e vazio", diz o psicólogo Adam Grant, que explica ainda que a psicologia pensa em saúde mental como um espectro que vai da depressão ao florescimento. O definhamento é, portanto, um platô que fica ali entre uma coisa e outra; um lugar infrutífero e indiferente, onde a vida não se desenvolve. E o mais importante: "o definhamento não está apenas em nossa cabeça, está em nossas circunstâncias".
O cuidado com as plantas me ensinou isso do jeito difícil. Quando a planta não tem água, luz e nutrientes alinhados com a necessidade específica dela, a danada não produz direito. Ela não dá folhas novas (ou nascem muito menores), as antigas ficam amareladas ou opacas, secam as bordas e as flores não vingam. A planta faz o que dá com as circunstâncias que ela tem e trabalha no tempo dela. Não adianta forçar a barra: se você coloca muito adubo, ela morre. Se você colocar sob a luz 24 horas por dia, ela estafa (ou você acha que só humano tem burnout?). O tempo também é uma necessidade básica das plantas.
Se as circunstâncias não estão favoráveis, a planta não floresce. E é aquilo: acontece na natureza, acontece com a gente, porque também somos natureza. Fizeram a gente, especialmente nos grandes centros urbanos, esquecer disso, porque era mais lucrativo (não disse para quem).
Desconectados da nossa natureza, a gente começa a ser tratado (e consequentemente se tratar) como se fosse máquina.
Negamos a nossa humanidade e este ciclo contra o que é natural cobra seu preço em situações catastróficas, como a gente vive hoje, sendo brasileira no meio desta pandemia global, tendo que lidar com o caos e o absurdo. E, assim, vamos definhando.
Dizem os especialistas que o primeiro passo para lidar com isso é identificar o problema, compreender o que está acontecendo para que você possa se ajudar. Fácil não é, mas tem feito diferença aqui. E espero que refletir sobre essas coisas te ajude aí também.
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