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Naomi Osaka acender pira olímpica mostra que nós, negras, já somos o futuro
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As Olimpíadas 2021 de Tóquio começaram com uma cerimônia de abertura em que o isolamento ocasionado pela pandemia de covid-19 foi sentido no silêncio absoluto da arquibancada, visto por entre as minúsculas delegações que desfilaram suas bandeiras.
Sim, o Japão apontou para o futuro ao colocar a tenista Naomi Osaka para acender a pira olímpica.
Naomi, 23 anos, primeira japonesa a vencer um Grand Slam de tênis, uma das atletas mais importantes do universo esportivo, mulher negra ativista em prol do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) conduziu a chama que anunciou o início dos Jogos mais importantes do mundo.
Filha de imigrantes, mãe japonesa e pai haitiano, Naomi nasceu no Japão, mas vive nos Estados Unidos desde os três anos de idade. É uma atleta comprometida com as lutas de seu tempo. Durante os torneios do US Open 2020 usou diferentes máscaras com os nomes de vítimas do racismo nos EUA durante os jogos que a consagraram como a grande campeã do torneio.
Sem medo de demonstrar suas vulnerabilidades, a atleta abandonou o torneio de Roland Garros, em maio, na França, após ter sido multada por se recusar a participar de uma entrevista coletiva. Na ocasião, Osaka contou que sofre de depressão desde 2018 e não participou da entrevista por se sentir vulnerável.
Atleta número dois do ranking mundial de tênis, é referência dentro e fora da quadra. Até na escolha pelo cabelo que usou na cerimônia de abertura das Olimpíadas passou uma mensagem.
Naomi sabe o que representa para uma mulher negra usar suas tranças, penteado que nos coloca no centro da cultura africana e nos interconecta com nossa ancestralidade e passa a mensagem que o mundo racista não quer aceitar, a mensagem de que enquanto mulheres negras nós existimos e somos o futuro.
Qualquer nação que queira se desenvolver econômica e socialmente no mundo atual precisa investir no desenvolvimento das mulheres negras sejam elas cis ou transgênero. As políticas de desenvolvimento precisam perpassar pela existência destas mulheres.
Naomi é potência, e o Japão, um país asiático, mandou uma mensagem ao mundo com uma mulher negra escalando o Monte Fuji representado no estádio Olímpico, acendendo a pira e mostrando para onde devemos olhar.
Aqui cabe lembrar da filósofa norte-americana Angela Davis. O Japão demonstrou que, ao menos na cerimônia de abertura, entendeu o que Davis quis dizer ao mundo durante sua visita ao Brasil em julho de 2017: "Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela".
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