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Extrema direita cresceu, mas voto mudou: não é mais só para homem branco
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Quem esperava a derrota do candidato Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais teve a decepção como uma realidade ao final da apuração no último domingo (2). Somada a confirmação de um segundo pleito ao crescimento da extrema direita no Congresso Nacional, o sentimento que ficou para muitos foi de derrotismo.
Mas para quem luta pela inclusão de negros, indígenas, mulheres e população LGBT ao poder eletivo, os resultados foram positivos. O derrotismo precisa ceder lugar à nossa incansável capacidade de resistência e permitir que comemoremos a vitória de mulheres trans, mulheres indígenas e mulheres negras que estão chegando ao Congresso Nacional em 2023 para lutar por pautas que são do interesse da população.
Ainda que tímida, a pluralidade esteve presente nos resultados da eleição. A Câmara dos Deputados, por exemplo, terá pessoas trans em sua composição pela primeira vez na história. Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) foram eleitas para compor a casa. Vitória mais do que legítima de duas mulheres que ficaram entre os 50 deputados federais mais votados do Brasil e foram vítimas de violência e ameaças de morte durante os seus primeiros mandatos. No âmbito estadual, a vitoriosas foram: Linda Brasil (PSOL) em Sergipe e Dani Balbi (PCdoB) no Rio de Janeiro.
São Paulo elegeu pela primeira vez uma trabalhadora doméstica como deputada estadual. Ediane Maria (PSOL) é uma dessas mulheres que movem o mundo pelas margens e desbravam espaço em meio às ondas de violência que tentam nos derrubar. Negra, nordestina e mãe de quatro filhos, Ediane faz parte da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e é uma liderança negra em luta pelo direito das mulheres e dos trabalhadores domésticos.
Em 2023, mais indígenas vão a Câmara dos Deputados, em contrapartida a 2018, quando a primeira deputada foi eleita para a cadeira, Joenia Wapichana (Rede-RR) que não conseguiu reeleição. Entre as futuras deputadas estão Sonia Guajajara (PSOL-SP) e a professora e ativista indígena Célia Xakriabá (PSOL-MG).
Em números gerais, essa pode ter sido a eleição da extrema direita. O resultado geral das urnas consolida a vitória do orçamento secreto, da bancada da bala, da boiada e da tortura.
Mas também consolida a ideia de que o brasileiro não mais vai permitir que o mesmo grupo de homens brancos tome as decisões por toda a nação. A cada eleição estamos abrindo espaço para Érikas, Edianes, Sonias e Dudas. Se você sofreu com o resultado de domingo, pegue esses exemplos de luta e coloque para ocupar o vazio em seu coração. O jogo não está perdido.
Amanhã há de ser outro dia.
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