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Cris Guterres

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sinto culpa desde que virei mãe, mesmo sabendo que não serve pra nada

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Colunista de Universa

10/05/2023 04h00

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Só pode ter sido um homem que inventou a ideia de que quando nasce uma mãe, nasce uma culpa. E inventou na intenção de nos deixar ainda mais ocupadas vivendo uma maternidade ininterrupta de 24 horas diárias onde toda e qualquer ação não milimetricamente perfeita praticada por uma mãe é transformada em culpa.

A palavra é curta mas tão pesada que fica doloroso carregá-la. Tenho minhas dúvidas de que culpa sirva para alguma coisa. Às vezes acho que é como pedra nos rins, só serve para incomodar. Mas sei que, desde que me tornei mãe, ela passou a fazer parte das minhas conversas semanais com a terapeuta.

Sempre fui muito exigente e autocrítica e trouxe essas duas características comigo para a maternidade. Fiz pior, as elevei ao quadrado. No início cheguei a me autodenominar Cristiane Culpada da Silva e ficava embalando a culpa enquanto embalava meu filho no colo. O que eu estava fazendo de errado? A verdade é que querer uma maternidade perfeita e sem erros é correr atrás do impossível.

Maternidade é uma construção diária. Haverá erros, amor, ausência, dor. É um processo não linear recheado de desafios e no qual a gente vai se descobrindo a cada dia. A ideia de que tudo na maternidade parece combinar com esse substantivo feminino denominado culpa só nos mantém reféns de uma expectativa irreal com relação a nós e aos nossos filhos.

Li recentemente uma entrevista da mestra em psicologia positiva Adriana Drulla, em que ela explicava que, quando as mães abrem mão de se tornar perfeitas, fica mais fácil aceitar que os filhos terão defeitos, e nossas cobranças sobre eles também diminuem.

Adriana fez um estudo sobre autocompaixão a partir das demandas que lhe surgiram na sua maternidade. Acompanhou 246 mães com seus filhos e concluiu que, para evitar a culpa materna e sentimentos como raiva, frustração e exaustão na maternidade, o melhor remédio é o perdão.

Então perdoe-se, não sinta medo de errar, tente se cobrar menos e me conte nos comentários como faz para chegar num estado de plenitude.