Gringos ainda nos veem como mulheres sexualizadas: o que há de ruim nisso?
Bundão, corpo bronzeado, sexualidade à flor da pele e tudo isso embalado por um biquíni bem fininho estilo fio dental salientando a marquinha conquistada em horas de sol na praia ou na laje. Essa é a imagem que muitos estrangeiros fazem da mulher brasileira.
Uma imagem construída ao longo dos séculos, resultado de uma combinação de fatores históricos, culturais, sociais e midiáticos, como a colonização, a escravidão, a representação da mulher brasileira na mídia e na literatura e um largo e difuso turismo sexual alimentado no país.
Uma pesquisa recente realizada pela marca Dove não só apontou que as mulheres brasileiras conhecem bem este estereótipo como estão incomodadas com a imagem delas projetada tanto em território nacional quanto internacional. Segundo a pesquisa, 57% das mulheres entrevistadas se sentem desconfortáveis com o que essa imagem da brasileira transmite sobre elas e 82% concordam que essa imagem não representa os vários tipos de corpos da mulher brasileira e os vários tipos de biquíni que ela usa.
Mais do que não representar corpos e biquínis, esta imagem projeta e perpetua violências. É mais uma maneira de nos desumanizar, reduzindo nossa identidade e facilitando a justificação de atos violentos contra nós mulheres, visto que somos tratadas como menos merecedoras de respeito e proteção.
E quanto mais escura a cor da pele, mais intensos são os estereótipos e mais danosos os resultados desta padronização. Não à toa, os números de violência sexual são bem maiores quando a vítima é uma mulher negra ou indígena.
A pesquisa de Dove também apontou que 80% das entrevistadas concordam que essa imagem estereotipada da mulher brasileira precisa acaba. De posse destas informações, a marca tomou a dianteira e lançou uma importante campanha que espalhou perguntas e provocações em inglês relacionadas ao tema em aeroportos e pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro. O propósito é desafiar a percepção que os estrangeiros têm das brasileiras, aumentar a conscientização e provocar reflexões sobre o assunto tanto nacional quanto internacionalmente.
Estereótipos são simplificações injustas e não representam a diversidade e a complexidade das mulheres brasileiras. Não somos a pátria da bunda e do biquíni. Mulheres de qualquer nacionalidade são diversas em suas experiências, personalidades, escolhas e identidades, e é fundamental desafiar e desconstruir essas generalizações preconceituosas, promovendo uma cultura de respeito, igualdade de gênero e dignidade para todas nós.
Isso envolve educar sobre consentimento, rejeitar a objetificação e valorizar as mulheres como seres humanos completos, com direitos, autonomia e liberdade sobre seus corpos e suas vidas.
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