A pressão estética invade meu trabalho: tenho angústia de provar roupas
Você já se viu diante da pressão estética no ambiente de trabalho? Já se sentiu cobrada no trabalho pelo seu peso, pela maneira como você se veste ou se maquia? Talvez você não tenha percebido, mas a cobrança por um padrão de beleza pode invadir até a sua vida profissional.
De acordo com um estudo realizado pela marca The Body Shop em colaboração com o Instituto Plano de Menina, cerca de 40% das mulheres entrevistadas sentem que perderam oportunidades profissionais devido à sua aparência. Isso me leva a questionar: quantas vezes você já se sentiu julgada ou limitada no trabalho por não se enquadrar em certos padrões?
Eu já me senti inúmeras vezes, e passei a minha vida toda tentando superar essa cobrança. Ainda hoje, como apresentadora de televisão, o momento mais angustiante, para mim, é a prova de roupa. Ainda que na TV onde trabalho a minha figurinista Cida de Souza nunca tenha me pressionado esteticamente, encontrar uma roupa que vista uma mulher de manequim 46/48 como eu neste Brasil de meu Deus é uma tarefa árdua. O veste e desveste roupas que não me servem me traz uma sensação de insuficiência muito grande e me faz, por vezes, acreditar que é o meu corpo que está errado e não as modelagens.
A pressão estética não apenas afeta a autoestima das mulheres, mas também prejudica seu desempenho no trabalho. Surpreendentemente, 50% dessa pressão vem dos próprios colegas de trabalho, seguido por pressões internas, onde 31% das mulheres se comparam umas com as outras. Isso nos faz refletir sobre o impacto negativo que essa dinâmica pode ter em nossa saúde mental e profissional.
A pressão por uma aparência padrão afeta diretamente o crescimento da carreira das mulheres. As entrevistadas da pesquisa relataram experiências de discriminação e exclusão no ambiente de trabalho devido a sua aparência. Alarmantemente, 60% das mulheres percebem a falta de diversidade estética e racial nos cargos de liderança, indicando que o padrão imposto pela sociedade privilegia determinados grupos em detrimento de outros. E a falta de diversidade racial não é pressão estética, é racismo.
Por trás dessas estatísticas, há histórias reais de mulheres que se viram limitadas, desvalorizadas e até discriminadas por não se encaixarem em um molde pré-determinado. Mulheres que sentiram seu desempenho no trabalho sofrer quedas significativas após enfrentarem essa pressão.
Esse texto é para questionar esses padrões impostos, e para promovermos uma reflexão profunda sobre a verdadeira essência do talento e da capacidade profissional. Construir um futuro onde todas as mulheres sintam-se valorizadas e respeitadas por quem elas são, independentemente de qualquer padrão estético, é possível e precisa fazer parte da cultura corporativa.
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