Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Será que para Robinho e seus amigos é pior ser broxa ou estuprador?
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Do que será que Robinho tem mais raiva?
Da mulher que foi violentada por ele e seus amigos numa boate italiana e ousou denunciar? Do fato de ter sido pego, de não ter se ligado antes que, "na Europa, não podia vacilar"?
Ou dos grampos terem flagrado que ele broxou e, só por isso, não penetrou —"rangou", como diz— a garota que só queria comemorar seu aniversário?
O próprio Robinho confessa: "Pô, eu tentei. Eu tentei". Acabou colocando o pênis na boca da vítima, embriagada pelos amigos, e ri ao dizer que isso "não é transar". Está aí um ponto em que ele tem razão. Fazer isso não é transar, tem outro nome: estuprar.
Será que, para Robinho, é pior ser broxa ou estuprador?
Eu tenho um palpite.
O ex-jogador —posso chamar de ex, ou algum time ainda ousaria contratá-lo?— não acha grave ser um estuprador.
Nas conversas divulgadas pelo UOL, a partir do trabalho dos repórteres Adriano Wilkson e Janaina Cesar, Robinho demonstra que:
Não sabe o que é estupro, já que associa o crime à penetração vaginal, um entendimento antigo e ultrapassado.
Não liga a mínima para a integridade física e a dignidade sexual das mulheres.
Não se importa se os seus amigos penetram uma garota sem condição de oferecer resistência nem de consentir livremente.
Trata o crime com uma naturalidade desconcertante, dando a entender que não foi um ponto fora da curva na agenda dele e dos parceiros.
Seguiria achando tudo muito engraçado, não fosse estar impedido de levar os amigos à Itália para a comemoração de seus 30 anos.
Só se preocupa, mesmo, com a sua reputação: se a investigação vaza para a imprensa, isso sim seria grave. É isso que ouvimos nos áudios captados pela polícia antes da condenação.
Aliás, afirmar que ele se preocupa só com isso é injusto. Outras coisas angustiam Robinho e seus cúmplices: uma possível gravidez da vítima; o fechamento da discoteca, local do crime; eventuais atrasos na imigração por conta das investigações.
Uma questão que não apareceu nos áudios até agora é o bem-estar da garota que fez 23 anos naquela noite de janeiro de 2013: nenhum dos investigados fala sobre ela com respeito ou solidariedade. Ao contrário, dizem uns aos outros frases como "comeu, comeu essa piranha?"; "alguém gozou dentro, a menina tá grávida?".
Não há constrangimento. Não há arrependimento. Sobram gargalhadas. Sobra desdém.
Robinho e seus amigos sabem que, num crime de palavra contra palavra, a da mulher tem menos força, ainda mais diante de um algoz poderoso como um jogador celebrado mundialmente.
"Como não tinha câmera, vai ficar meio embaçado pra mina provar que estupraram ela se não estiver grávida", diz o ex-jogador.
Só que eles não contavam com a seriedade da polícia italiana. Deixam isso claro nos áudios. O paulista chega a afirmar: "aqui na Europa não vacilo mais, não".
No Brasil você ainda "vacila", Robinho?
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