Ex-padrasto é condenado por importunar sexualmente enteada de 17 anos
Mais de três anos depois de abusar da sua enteada de 17 anos, o empresário Gian Carlo Cuvrad Bortolotti foi condenado em segunda instância a dois anos de reclusão por importunação sexual.
O crime, que ele nega, aconteceu num quarto de hotel, em São Paulo, para onde padrasto e enteada foram viajar a trabalho. Numa madrugada de janeiro de 2021, a adolescente acordou com o marido da mãe na sua cama, passando a mão em seu corpo.
Em entrevista dada à repórter Camila Brandalise naquele ano, a vítima contou que pedia para o padrasto parar, mas ele continuava. Ela ficou em estado de choque e com medo de a mãe, casada com Bortolotti havia 12 anos, não acreditar na sua palavra.
Só que a iluminadora e produtora de eventos Marina Stoll nunca duvidou da filha. Levou a menina no dia seguinte à delegacia e começou ali uma batalha contra o agora ex-marido, também pai de seus dois filhos menores, então com 10 e 12 anos.
Ainda que considerado pela Justiça criminal um agressor sexual de menores, na vara de família Bortolotti conseguiu o direito de visitar seus filhos a cada 15 dias — e, se brigar contra isso, Marina Stoll corre o risco de ser acusada de alienação parental.
A distorção é tamanha que, se a Justiça entender que a mãe tenta afastar os filhos do agressor, é Marina quem corre o risco de perder a guarda dos dois adolescentes.
E esse é um perigo real, que assombra algumas centenas de mães pelo Brasil, e que acaba gerando uma deturpação pior ainda: a própria Justiça estimula o silenciamento que protege criminosos sexuais.
Mesmo sob esse e outros riscos, Marina acolheu sua filha e enfrentou divórcio e divisão de guarda enquanto brigava pelo reconhecimento da importunação na área criminal.
Para o seu advogado, Silvano Silva de Lima, a firmeza com que a mãe da menina agiu foi fundamental para a condenação do padrasto: "Houve um acolhimento familiar desde sempre e uma luta incansável para, de todos os meios, esse crime não ficar impune".
Apesar dos três anos e meio que se passaram até a condenação, Lima diz que o processo correu de forma célere, com Ministério Público, juíza e desembargadores atentos aos detalhes e à verificação dos fatos.
A palavra da menina foi apoiada por testemunhas que a viram ou falaram com ela logo depois do crime, e as provas foram consideradas contundentes. Em juízo, Gian Carlo Bortolotti negou o crime e disse que foi mal compreendido. Ele recorre da decisão. Procurado, o advogado de defesa, Fabio Mariz de Oliveira, não se pronunciou.
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