'Golpistas da masculinidade' vendem feminismo e escondem abusos
Ler resumo da notícia
Quem são os "golpistas das masculinidades"?
A expressão, usada pela pesquisadora Valeska Zanello, se refere a homens que se apoiam numa suposta desconstrução machista para reforçar, repetir e perpetuar as violências contra as mulheres.
Com verniz de aliados, são, nas palavras de Zanello, "homens do campo de estudos das masculinidades usando isso como escudo para serem abusadores e exploradores de mulheres", "com uma aparência nova e desconstruída".
A pesquisadora de saúde mental e gênero, que é também professora da Universidade de Brasília, fez o alerta em suas redes sociais na última segunda-feira.
Desde então, tem recebido centenas de mensagens de pessoas que foram vítimas desses homens — histórias de estelionato, abusos e violências, inclusive físicas, contra namoradas e ex-companheiras.
"São, de certa forma, uma versão de golpistas do Tinder no campo das masculinidades. E pior, contratados por empresas para trabalhar e inspirar outros homens em uma 'masculinidade saudável'", escreveu a pesquisadora.
Um deles, para se chancelar, dizia ter sido aluno de mestrado de Zanello, sem nunca ter estudado com ela. O mesmo golpista, depois de me abordar como admirador do meu trabalho, passou a se referendar também com o meu nome, mentindo por aí que se relacionava comigo.
Num outro caso, a organização de defesa das mulheres teria nascido de um grupo de masculinistas, conhecidos como red pills — que, na verdade, se opõem às conquistas e às pautas feministas.
E ainda não cito nomes porque este texto não é sobre um caso específico, embora eu possa voltar ao tema mais pra frente — o objetivo, aqui, é chamar a atenção para o charlatanismo nessa área.
Como diz Zanello, é preciso que as empresas que pagam a esses supostos estudiosos do gênero chequem a sua formação e reputação. São homens bem remunerados para falar sobre violência contra a mulher, em palestras, rodas de conversa, livros e consultorias. E, muitas vezes, contratados no lugar e em detrimento de mulheres especializadas e com vivência no assunto.
Não que homens não possam debater e ser aliados da causa feminista. É preciso, inclusive, que façam parte dessa discussão para que haja algum avanço.
O alerta é contra aqueles que se aproveitam desse "nicho" para esconder os abusos que cometem. Como diz Valeska Zanello, os homens "verdadeiramente dispostos a se repensar não fazem alarde nem propaganda. Não querem palco e não querem transformar isso num negócio lucrativo pra eles". E, acima de tudo, cessam as violências contra as mulheres, e não as reforçam.
14 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Marcos Fernandes dos Santos
Continua uma grande campanha para dizimar a relação entre homens e mulheres. Existe a violência, isso ninguém nega, mas existe dos 2 lados, e são exceções, são desvios de personalidade. Nenhum pai ou mãe, ensina seus filhos a serem violentos com o sexo oposto, tão pouco uma escola ou entidade. Temos problemas na sociedade, sim, mas são exceções, não vamos transformar isso em regra.
Márcio Della Rosa
Mesmo modus operandi dos "palestrantes do dogma", que arrecadam quantias vultosas em nome do "bem supremo" e da "salvação dos congregados", fundamentando-se em ardis e falsidade... Lobos em pele de cordeiro.
João Luís Nery
lacração sem fim.