O mundo mudou quando uma mulher assumiu o comando de um time de beisebol
Você talvez ainda não tenha percebido, mas o mundo do esporte mudou desde a semana passada, quando o Miami Marlins, time da MLB, a liga principal de beisebol dos Estados Unidos, anunciou a contratação de Kim Ng como sua nova gerente-geral. Ela se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo na história do esporte.
Mas por que isso é tão importante?
O beisebol é um dos esportes mais populares dos Estados Unidos, junto do basquete e do futebol americano. E o cargo de gerente-geral é um dos mais importantes na operação de um time, responsável pelo planejamento de longo prazo, por quais jogadores contratar, dispensar ou oferecer para troca.
Virar gerente de um time da MLB, a Major League Baseball, seria o equivalente aqui no Brasil a ocupar um cargo de comando em um time de futebol da série A —comparando com o nosso esporte mais popular.
Isso é inédito no Brasil, como também era nos Estados Unidos. Agora não é mais. O caminho foi aberto por Kim Ng para tantas outras mulheres lá fora, que hoje podem se espelhar nela e acreditar que é possível ter uma carreira profissional no esporte. Para nós, aqui, ainda é um primeiro passo distante. Mas é um grande passo, que pode abrir mentes, mudar comportamentos e o mais importante: superar resistências.
Não à toa o anúncio de sua contratação teve impacto gigante no mundo do esporte —e fora dele, entre tantas mulheres que se sentiram orgulhosas e empoderadas pela conquista. A ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama foi uma delas. "Muito animada em ver Kim Ng como a primeira mulher e a primeira americana de ascendência asiática a ser gerente-geral na MLB. Cresci amando os Cubs [time de Chicago], mas estarei torcendo por você!", afirmou no Twitter.
Outra que postou mensagem nas redes sociais foi a ex-tenista Billie Jean King, famosa pelas batalhas que sempre travou contra o sexismo no esporte. "Parabéns a Kim Ng, a nova gerente-geral do Marlins. Com 30 anos de experiência como executiva de beisebol, ela fez história como a primeira mulher e a primeira pessoa com ascendência asiática a ter essa posição em um departamento de operações do beisebol. Progresso!"
Segundo o jornal "The New York Times", a mensagem de King sensibilizou Kim, que já era fã da esportista. Ela própria, enquanto crescia, tinha suas inspirações no mundo do esporte. Assim acontecem as mudanças: uma mulher vai motivando as próximas. E é esse o legado que a nova gerente do Marlins pretende deixar a tantas meninas que sonham em trabalhar com beisebol —um universo tradicionalmente dominado por homens brancos.
Tem um provérbio que diz: 'Você não pode ser o que não consegue ver'. Digo a elas: 'Agora vocês podem ver'. Estou ansiosa para ouvir as histórias dessas garotas e saber o quão inspiradas elas estão para conquistar um emprego no esporte, um emprego no beisebol e atingir as estrelas.
Não poderia haver exemplo melhor do que Kim para inspirar outras mulheres. Sempre foi apaixonada por beisebol, é superpreparada para o trabalho, mas nada foi fácil em sua trajetória. Ela mesma chegou a afirmar que, apesar de tantas negativas, nunca pensou em desistir. E por isso já era vista há tempos no universo do beisebol como a mulher que poderia quebrar essas barreiras.
Atuou como executiva de times como Chicago White Sox —onde começou a carreira como estagiária—, Yankees, Los Angeles Dodgers e da própria MLB. Nas equipes, chegou ao posto assistente do gerente-geral, mas até agora não havia conseguido o posto principal —embora já tivesse passado por seis entrevistas em times diferentes. Acabou preterida por Dodgers, Seattle Mariners, Philadelphia Phillies, San Diego Padres, New York Mets e Anaheim Angels.
Em passagem pelo Brasil em julho deste ano, falou à "Folha de S.Paulo" sobre o assunto.
Eu sei que poderia fazer esse trabalho. Alguém vai ter de superar esse obstáculo. Falta coragem [para os donos das equipes].
O "corajoso" do momento foi Derek Jeter, presidente do Marlins. O ex-jogador foi estrela do Yankees quando Kim trabalhava lá e veio dele a decisão de transformá-la na peça-chave de sua atual equipe.
Parece que por essa nem a própria Kim esperava. Mas o mundo mudou e vai continuar mudando até que a equidade seja natural no esporte. O mundo mudou desde que uma mulher assumiu o comando de um time de beisebol. Mas ainda há obstáculos a vencer.
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