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Atleta celebra estreia do skate na Olimpíada: 'Já foi discriminado'
Ser promovido a esporte olímpico não é pouca coisa para modalidades como o surfe e o skate. Embora ambos já tenham uma estrutura de campeonatos bem organizada, é comum que os praticantes relatem casos em que o esporte não foi visto com o valor e a importância que deveria ter. Ainda que o Brasil seja referência na modalidade.
Segundo a Yndiara Asp, classificada para a Olimpíada de Tóquio, ter o skate incluído nos Jogos Olímpicos é uma grande conquista.
O que mais pega é o respeito que isso traz, especialmente com relação às pessoas de fora. O skate foi muitas vezes discriminado.
Yndiara lembra de um episódio no aeroporto. "Eu estava voltando de viagem e vinha remando [andando com o skate], bem devagarinho, de boa. Chegou do nada uma mulher gritando, apontando o dedo e falando: 'Você vai machucar alguém com esse skate, não pode andar de skate aqui!'. Nossa, que mal eu estava fazendo? Eu estava ali, na minha, bem devagarzinho, só usando o skate como um meio de locomoção. E na hora eu só pensei: 'Nossa, tomara que essa mulher me assista na Olimpíada'."
A descoberta do esporte para Yndiara aconteceu quando ela ainda era bem pequena e ganhou, aos 7 anos, um skate de presente de Natal do pai. Aos 15, aprendeu suas primeiras manobras e passou a levar o esporte mais a sério.
Mas nunca pensou, segundo conta, que pudesse virar uma atleta olímpica. "Sempre gostei muito de esporte, sempre fui competitiva. O momento mais esperado para mim era quando tinha as gincanas da escola. Agora, participar de uma Olimpíada de verdade, estar entre os melhores atletas do mundo, vai ser um sonho, uma realização muito grande. Nunca pensei que isso seria possível."
A conquista da vaga, no entanto, não foi fácil. "Quanta coisa aconteceu nestes últimos anos, entre altos e baixos, risadas e choros!", lembra. "Estava tudo indo muito bem em 2018 e 2019, foram os melhores anos da minha vida no skate, estava conseguindo viajar para competir, muita coisa acontecendo, consegui patrocínios, fui campeã em vários campeonatos. Estava no auge. Mas, no final de 2019, eu acabei me lesionando."
A esta altura, ela estava em sexto no ranking mundial e era a primeira entre as brasileiras em sua categoria, que é a Park. Mas acabou perdendo algumas colocações por não poder participar de eventos que valiam pontos importantes. Uma semana antes da pandemia, machucou novamente. Aproveitou a pausa para se recuperar, mas, no final de 2020, quebrou o pé e precisou passar por uma cirurgia.
Foi a lesão mais séria que eu já tive, mas consegui voltar a treinar em três meses e participei do primeiro e último evento classificatório para a Olimpíada. Era a finaleira, a decisão. Vivi um dos momentos mais tensos da minha vida. Tinha uma chance para garantir e realizar esse meu sonho de estar lá. Foi bem tenso, mas consegui e garanti minha vaga.
O Brasil é referência no skate, especialmente no feminino, e conta com muitas campeãs representando sua bandeira. "No Street [outra modalidade] a gente vê a Pâmela [Rosa], a Rayssa [Leal] e a Leticia [Bufoni], elas dominam os campeonatos femininos, são uma grande inspiração. Dá o maior orgulho de ser brasileira, de ser mulher e de tê-las nos representando. No Park, a gente também está chegando junto. Temos uma batalha ali com as japonesas, porque elas são, no momento, as minas que estão andando num nível diferente —mas isso serve muito de inspiração para nós também. É uma honra fazer parte disso e representar o skate feminino nessa cena."
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