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Fabi Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Venerar mundo de luxo e pompa da monarquia é descompasso com a realidade

Rainha Elizabeth II, morta em 8 de setembro - Sean Gallup/Getty Images
Rainha Elizabeth II, morta em 8 de setembro Imagem: Sean Gallup/Getty Images

Colunista de Universa

13/09/2022 04h00

Tô aqui boquiaberta, assistindo aos já quatro dias de mobilização em torno da morte de Lilibet, a rainha Elizabeth II. Acabamos ficando íntimas por ocasião da série "The Crown", a qual assisti curiosa pra saber um pouco mais da realeza e por motivos de procrastinação. Não, não sou especialista em monarquia. Não li, nem tô na vibra de gastar minhas horas de leitura debruçada sobre o tema.

"E você veio aqui dar pitaco sem ter condições para?" Vim compartilhar dúvidas.

Muito bem posicionada aqui na plebe, me custa muito entender não só todo luxo, riqueza, status e poder em torno de uma família, mas também esse frenesi em torno de tudo que fazem. Ainda mais se pensarmos no contexto em que vivemos. Tempos tão nefastos, com mais de 800 milhões de pessoas afetadas pela fome no mundo, numa época na qual manifestações de intolerância racial e religiosa ainda são expostas sem pudor e, muitas vezes, sem punição.

Me parece, ironicamente, irreal, que o mundo ainda vire os olhos e preste reverência a esse exército de gente branca rica e seus hábitos e crenças. "Ah, é isso que eles são. É uma tradição, respeite."

Pompa, excesso, luxo, rigor, ostentação. Mundo berrando desigualdade e a monarquia sustentando esse padrão absurdo de blasonaria (ah, as cadeias associativas...). Tremendo descompasso com a realidade.

Tem gente que respeito muito entre os colecionadores de souvenirs reais. Todo tipo de quinquilharia -chaveiros, canecas, toalhas... --com a cara dessa gente real.

Mas, reluto. Nunca entendi esse negócio de colocar a cara das pessoas nas coisas, sejam membros da realeza ou não. Até festinha infantil com a cara de "sua majestade, o bebê" em cartazes e objetos já me custa e faz pensar nos desdobramentos no psiquismo dos 'cara cunhada'.

Não dá nem pra pensar em ideal, né? Já que não tem espaço pra tanta realeza no rolê. Entra na esfera dos sonhos. Os cheiros reais, o paladar real, a vida real, o peido real, a morte real.

Chapelões espetaculosos, passinho e cu apertados. Tchauzinho controlado. Afe. Afe nada, garota. Que tal pensar pelo ponto de vista do espetáculo? Hmm... Caro esse show, hein?

Fui escutar um amigo culto e sabido, de opinião divergente quanto a algumas das questões que tenho. E ele tava ressaltando o aspecto humano dos membros da família e da benção ou maldição que fazer parte de tudo isso pode representar.

Enquanto personagens... personagens, não, protagonistas de um conto real, até consigo consumi-los na esfera do entretenimento. Mas, "serasse" já não tá na hora desses contos ficarem restritos ao campo da ficção? Não orna com a atualidade, não orna com as demandas humanitárias da civilização. Como diria Keila Mellman (@ilana.kaplan): "Não. Não é de bom tom".

E você aí, o que acha? Se quiser trocar ideia sobre a minha ignorância real, venha até @fabi.gomes. Não leio comentários da coluna, porque, né? Sem tempo pra ódio, irmão!