Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
11 de agosto pela Democracia: é preciso crer no coletivo por um país melhor
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Em menos de dois meses, o Brasil realizará as eleições mais importantes desde a redemocratização pós-ditatura militar. O que está em jogo não são as propostas e projetos das candidaturas, infelizmente. Que tristeza chegar em 2022 precisando escolher entre democracia e autoritarismo. Nem nos meus piores pesadelos, antes de 2018, eu imaginava que estaríamos vivendo isso.
Entretanto, após 2018, os pesadelos passaram por uma atualização que nem Sandman poderia ter pensado em realizar. Com a vitória de Jair Bolsonaro, o Brasil entrou em um profundo e angustiante declínio. A fome voltou a atormentar a vida de milhões de crianças, mulheres e homens; o desemprego e a precarização do trabalho e da aposentadoria destroem sonhos de vida de milhões de jovens, adultos e idosos. A inflação enfia imitações alimentícias goela abaixo de quem não pode mais comprar comida de verdade.
Fomos abandonados à peste quando Bolsonaro decidiu que não era necessário ter pressa com a compra de vacinas, afinal, elas seriam uma excelente fonte de esquema para mamata do Executivo em conluio com o centrão. A vida perdeu o valor diante da possibilidade de lucros obscenos com a morte.
Como preservar a esperança diante de um líder que fala em metralhar opositores, que destila ódio para milhões de seu próprio povo, que não se envergonha em odiar mulheres, negros, LGBTs, que armou indiscriminadamente milhares de pessoas, que deixou morrer mais de 600 mil em menos de dois anos?
Insistir em sonhar
Minha saída para não me endurecer e desacreditar que outro país é possível são as pessoas que também insistem em sonhar apesar da variedade de pesadelos. Estar perto dessas pessoas, conversar com elas, chorar e rir com elas, construir com elas. Bolsonaro tentou destruir tudo que pulsa vida, sejam as florestas, os povos indígenas, as universidades, a ciência, a cultura. E ele foi bem-sucedido, basta olharmos os dados.
Entretanto, ele não tem o poder de segurar o desejo pela felicidade e pela tranquilidade. Nossa vontade de viver bem é maior do que a sanha de vilão que esse sujeito arrasta por onde passa. Precisamos nutrir nossa imaginação com as manchetes e os corações em festa após as apurações do dia 2 de outubro. E precisamos fazer isso coletivamente.
Pois, por mais que tenham tentado nos convencer ao longo dos últimos 40 anos que a coisa mais importante do mundo são os indivíduos, é apenas com milhares e milhões de nós, um coletivo de almas que sonham e se insurgem contra a antivida, que poderemos sair desse constante estado de sobressalto no qual nos encontramos desde que o atual presidente foi eleito.
Eu sonho com um Brasil que se redima definitivamente com a sua população negra, que proteja a vida de crianças, que impulsione a equidade entre homens e mulheres, que celebre o amor em todas as suas formas, que erradique a pobreza, que mantenha nossas florestas em pé e em guarda pelos seus povos, que multiplique a quantidade de escolas e universidades para todas as pessoas, que passe um rolo compressor em armas de fogo, que exploda em festas e espetáculos de arte e cultura. E eu acredito que em milhões somos capazes de transformar esses sonhos em realidade.
Por isso, te convido, leitora e leitor, a assinar a carta Estado de Direito Sempre organizada pela Faculdade de Direito da USP, disponível no site estadodedireitosempre.com. Tive o privilégio de estudar nessa instituição e me orgulho de vê-la, pelo menos dessa vez, do lado certo da história. E, se você puder, vá hoje para as ruas, para o Largo São Francisco, no centro de São Paulo, às 11h30. O Brasil vale a pena, a democracia vale a pena!
Parabenizo a comissão organizadora desse movimento na pessoa da amiga e advogada Raquel Preto, uma mulher que me inspira e me encoraja sempre.
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