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Luciana Bugni

Duda Reis e desabafo desesperado no Instagram: expor a dor ajuda ou piora?

Duda chora num vídeo desabafo no Instagram: o luto do fim é complicado - TodaTeen
Duda chora num vídeo desabafo no Instagram: o luto do fim é complicado Imagem: TodaTeen

Colunista do UOL

14/01/2021 04h00

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A modelo Duda Reis fez um vídeo em que chora bastante ao contar as traições do ex-noivo, Nego do Borel. Ela tem recebido prints de conversas com outras garotas e se deu conta de que ele, apesar de ter sempre negado, a traía. O relacionamento, segundo os relatos, era abusivo.

Duda está desesperada, desamparada e se sentindo exposta — imagina ter as traições divulgadas para milhões de pessoas? Em uma tentativa de se acalmar, ela grava um vídeo para os muitos seguidores. Mal consegue falar de tanto que chora. A situação toca qualquer um que tenha sentimentos. Duda pede compaixão, diz que está recebendo muitas mensagens de mulheres a acusando de ser anoréxica e mandando coisas pesadas. Mostra estar em sofrimento profundo.

Ela parece ter entrado num ciclo em que as informações sobre o ex estão fazendo muito mal, mas não consegue parar de olhar e, por isso, grava um vídeo longo em que se expõe mais ainda.

O resultado, a gente imagina: vai receber mais mensagens, não vai conseguir parar de olhar e deve ficar ainda pior. Triste.

É comum a gente dar usos impulsivos para o celular, especialmente quando está muito nervosa como Duda. Atire o primeiro carregador quebrado quem nunca checou mensagens de 5 em 5 segundos em momentos tensos, como se a nova notificação fosse mudar algo. Me lembro, em fases muito ruins da minha vida, antes de ter um smartphone nas mãos, de acender um cigarro no outro. Como se estar tragando fumaça em looping infinito fosse aplacar minha ansiedade de alguma forma. Que bobagem. Mas vai dizer isso para quem está desesperada.

Se pudesse aconselhar Duda, diria para ela se afastar da internet um pouquinho.

É ótimo ter um momento desconectada para que os próprios sentimentos assentem.

Vale ver um filme que tire um pouquinho da realidade. Vale ter uma conversa em ligação telefônica com alguém querido. Vale (muito) ficar perto da família e lembrar do que realmente importa. Aí, depois, um pouco mais fortalecida, ela volta para a internet com um entendimento maior do que rolou, do que magoou e de como enfrentar as batalhas da nova fase da vida pós esse rompimento.

O luto do fim não é espetáculo

Término de namoro é um luto. Ser traída é um processo dolorido: a gente se sente menor, boba, enganada. Mas é preciso voltar a si mesma de alguma forma — e stakear ex ou receber mensagens aleatórias não ajuda em nada. É o processo de autoconhecimento que dá força para seguir.

Mayra Cardi há uns meses disse que estava gravando o vídeo contando os abusos de Arthur Aguiar para que ela se lembrasse de tudo o que viveu de ruim com ele e não ousasse voltar. É uma tática válida, mas você pode gravar o que quiser para milhões de pessoas na internet... se não acreditar mesmo no que está dizendo, não adianta nada. E isso a gente só faz olhando para dentro. Os boatos inclusive dizem que ela e Arthur estão se reaproximando.

Não estou julgando quem, como Mayra e Duda, faz vídeo para denunciar o ex. Acho uma ferramenta importante de proteção que pode dar coragem para outras mulheres que vivem situações abusivas saírem dessa roubada. Mas a recuperação de um grande trauma é um processo interno com participação ativa de selecionadas pessoas que te amam muito. É difícil que a exposição acalme, por mais que o afeto venha de seguidores também.

Eu sei que é difícil — o celular é um vício, como eram meus cigarros lá atrás — mas sair do ciclo de ansiedade que ele provoca só faz bem. Eu parei de fumar. E sei que você consegue olhar para o que te faz mal e abandonar isso também.

A gente pode falar sobre isso no Instagram. Vamos nos ajudando.

PS: Que bacana a atitude de Anitta ao conversar com Duda sobre as fotos sensuais que havia feito com Borel. Estamos cada vez mais nos aprofundando no entendimento de que não somos rivais. Nessa semana, tive uma conversa legal com uma colega de colégio de 25 anos atrás. Falamos sobre como nos considerávamos rivais por causa de um garoto com quem ela ficava e eu acabei namorando depois. Foi um papo de admiração que concluía que nunca mais nos envolveríamos com uma pessoa comprometida como era normalizado há décadas. Bom nos dias de hoje é ver que outras mulheres podem render amizades muito mais interessantes do que uma trepada cheia de adrenalina com um cara que tem namorada. Amadurecer é bom demais.