Desromantizei a amizade com os homens e descobri a força da união feminina
Quando eu era adolescente, não me dava bem com as outras meninas da minha classe. Elas eram patricinhas e eu era esquisita, ia para a escola de papete com meia e casacão da Nike. Não me identificava com elas. Nessa época, eu andava *com os caras* e achava isso demais. Minha frase típica era "nossa, é muito mais legal ser amiga dos meninos". Acho que a amizade masculina foi top 3 coisas que eu mais romantizei na vida. Que erro!
A filósofa feminista Marilyn Frye tem uma teoria (que cada dia eu acho mais verdadeira) que diz que os homens, para admirarem uma mulher, precisam retirar dela tudo que é feminino, a transformando assim em "um dos caras". Então, eu era um sucesso com os moleques da escola porque, na visão deles, eu me comportava tipo um moleque. Falava palavrão, me vestia como eles, não usava maquiagem... Mas eu sempre fui eu mesma, bem mulher. Eu só tinha características que, historicamente, eram consideradas masculinas. Menina comportada não fala palavrão, né?
Então, eu era fechada com os caras e as patricinhas me viam como inimiga, afinal, eu tinha a atenção deles, que é o que elas mais queriam. E eu achava que elas não tinham nada que eu queria já que eu definitivamente não queria ser como elas. Mas vejam, os caras não me desejavam, desejavam a elas. Eu era um deles e eles não eram gays, certo? A atenção masculina que uma adolescente acha que precisa, eu conseguia nessas migalhas.
Mas a rivalidade feminina não nasceu nos anos 90 quando eu era fã dos Backstreet Boys. É um conceito bem mais antigo que sempre botou mulheres umas contra as outras. A "puta" e a mãe de família duelam há séculos pelos bons homens, assim como eu e as patricinhas da minha escola.
Para os caras é ótimo que a gente se odeie, primeiro porque é uma bela massagem no ego masculino ter mulheres batalhando por essa atenção e, segundo, porque quando a gente se une, é treta para eles.
Eu sei que é difícil para caramba desconstruir isso, eu mesma demorei, mas quando encontrei em outras mulheres tudo o que eu precisava pra ter e ser o que eu sempre quis, isso me transformou. A Karol é a minha maior certeza, a Jana minha bússola moral, a Lais é minha companheira pra qualquer momento, a Helena minha inspiração, a Manu é quem me desafia a meter a loka, a Rihanna é meu modelo de poder, a Gab me mostra que eu consigo impactar outras vidas, a Marilyn foi quem abriu meus olhos...
Hoje, 20 anos depois, eu sei que não existe nada mais potente do que a amizade e a união entre mulheres. NADA. Seja na sua faculdade ou em Hollywood: experimente ouvir, enxergar e se conectar com as que te inspiram, desafiam ou acolhem. Eu vivo e sinto isso diariamente, outras mulheres me fortalecem, eu as fortaleço e a gente anda juntas. Sempre juntas!
Se eu pudesse voltar no tempo, essa seria a minha mensagem para a Maqui de 15 anos: nada me dá mais satisfação do que ser "uma das manas".
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