Maria Ribeiro

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Opinião

Saída de emergência foi feita para ser usada por todas nós para termos paz

Bom dia, gente. Ou boa tarde, ou boa noite, não importa. Odeio quando alguém corrige hora de cumprimento. Bom dia, pelo menos pra mim, sempre quis dizer "oi". E "oi" é afeto, e, não, relógio. "Oi" é alteridade, civilidade, respeito, placa de atenção. Coisas que andam absolutamente em falta nesses tempos de horror. Como bem disse Renata Sorrah, no áudio mais bonito que recebi de aniversário: "Paz no mundo, minha querida. Paz no mundo deveria ser a fala que antecede qualquer outra".

Dito isto, eu queria agradecer pela escuta. Crônicas, há anos, servem pra aproximar quem escreve de quem lê. E é desse lugar, de observações muitas vezes aleatórias e aparentemente sem conexão, que me coloco com o que tem feito sentido pra mim. Na esperança de que aconteça o mesmo com vocês. Uma espécie de manual com diário, digamos assim.

Começo hoje com extintores de incêndio em casa. Sempre. Às vezes não dá pra confiar na responsabilidade dos síndicos, e mesmo que dê, quem aqui sabe usar? Eu não sabia. Sugiro, portanto, o treino. Nas escolas, inclusive. Pra que tanta fração se a gente não aprende nem primeiros socorros?

Pernas fortes. Fiz 48 anos, e quero, como Caetano Veloso — que, pra minha imensa sorte, vi anteontem no show Transa —, ficar aqui mais um pouco. Alive e muito viva, como ele prega, divinamente, em Nine out of Ten. Caetano, aliás — e não é à toa que uso o verbo pregar quando o cito — é, há anos, minha religião mais constante. Recomendo.

Saídas de emergência. Emergência, que é um substantivo feminino — e não só na classe gramatical — foi feita pra ser usada. Por você, por mim, pela Ana Hickmann, pela vizinha, por quem não tem coragem. E precisa de mãos dadas até uma delegacia.

Ainda não fizemos o nosso "Me Too". O movimento — que em português significa "eu também" — começou a se espalhar mundialmente na internet no final de 2017. E embora não tenha surgido por causa de violência doméstica, e sim de assédio e agressão sexual, fez com que muita gente trouxesse à tona traumas que têm nome e sobrenome, e que podem e devem ser reparados, ainda que em parte.

Harvey Weinstein, o ex-todo-poderoso da indústria cinematográfica de Hollywood, está preso. Por aqui, no entanto, ainda tem gente que acha que "ai, agora tudo é culpa do patriarcado!".

Bom, acabo de ler na Monica Bergamo que os registros de feminicídio cresceram 2,6% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período no ano passado. Estupros? Quinze por cento. Os dados foram divulgados na segunda, e são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Paz no mundo, como disse Renata Sorrah. No mundo e no corpo da mulher.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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