Maria Ribeiro

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Opinião

Ivete, Paolla e minha 'carteirinha do agora mesmo'

Passei a última semana no mato. Sem TV e com um sinal de internet instável, absorvi o Carnaval pelo Instagram. Foi o primeiro com meu namorado, um legítimo representante do bloco "Lado B". Ao contrário de mim, que transformo tudo em camiseta, estandarte e bandeira estampada, com ele a vida fala de outro jeito. Há mais silencio que perguntas, e os eventos, — olha que liberdade! — nem sempre precisam da companhia do calendário.

Eu, não. Sou dramática, intensa, do time do "time". Copa do Mundo, Olimpíada, Liquidação de Verão, ano novo astrológico, sou capaz de aderir a qualquer pulso coletivo e, se bobear, me entusiasmo até com a Oktoberfest, algo que, como se diz em Portugal, nunca "me encheu as medidas".

Mesmo quando a data me angustia, caso de 31 de dezembro, a questão do pertencimento -- ou do seu avesso, o que dá no mesmo -- parece me ocupar a existência como se não houvesse amanhã. Sabe aquelas pessoas que respiram por superlativos?

Nunca abri mão, portanto, do crachá de fevereiro, mês da minha mãe, do Zeca Pagodinho e da Mabel Veloso, com quem um dia ainda escrevo um livro, mas esse é outro assunto. Sim, eu gosto, e muito, da festa da purpurina, ainda que nem sempre -- ou melhor, quase nunca -- transforme esse amor em verbo.

Há paixões, cada vez mais raras, que dispensam o departamento de propaganda. Mas como o mês ainda não acabou, e eu não sei não dizer os motivos que renovam minha "carteirinha do agora mesmo", encerro esse texto com três declarações de amor e agradecimento. A mulheres, obviamente, que essa tatuagem, a das minas, cada dia me veste melhor.

Em primeiro lugar, Ivete Sangalo, por suas falas firmes e emocionadas, por nunca ter saído do chão, por ter coragem de ficar alegre e triste em público, por ser de Juazeiro, por não desistir — inclusive da Baby —, obrigada mil vezes.

A Ana Maria Gonçalves, por ter escrito "Um Defeito de Cor", o romance do século, que fala do assunto mais importante do país, e que agora, ao se encontrar com a Portela, dá sentido à lista de mais vendidos da Amazon. É pra isso que serve a internet.

Por último, a minha amiga Paolla Oliveira, essa onça meio Vingadora, meio Pantaneira, super-heroína brasileira que não tem medo de mostrar as unhas. A gente rebola, mas também ataca. Aliás, uma coisa não existe sem a outra, e, pra quem ainda não entendeu, eu digo e repito: é isso que é bonito. Dentro e fora do Carnaval.

E agora, sim.

Feliz ano novo, gente!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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