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Marina Rossi

REPORTAGEM

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Manuela d'Ávila: 'É horrível ler um documento dizendo que você está morta'

Manuela D"Avila toma a 4ª dose da vacina contra a covid-19 - Reprodução/Facebook
Manuela D'Avila toma a 4ª dose da vacina contra a covid-19 Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista de Universa

30/11/2022 04h00

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"É horrível ler um documento dizendo que você está morta", diz Manuela d'Ávila à coluna. E ela já passou por isso ao menos três vezes. "Quando fui tomar a primeira dose da vacina contra a covid, ao chegar a minha vez apresentei meus documentos, mas eu não constava no sistema", conta. "Entrei em contato com a Secretaria de Saúde e eles disseram que eu não podia ter o documento [da vacinação] porque eu fui dada como morta. É horrível ler um documento dizendo que você está morta."

Após ter feito uma reclamação, ela foi tentar se registrar no Conecte SUS, plataforma do Governo Federal que integra os dados de saúde, mas seu nome estava trocado pelo de um poeta russo que já faleceu. "É um processo repetido, deles tentarem levar a cabo aquilo que eles querem que aconteça", afirma ela à coluna, sem apontar quem exatamente poderia ter realizado a fraude em seus documentos.

Agora, novamente, Manuela foi dada como morta pelo sistema. "Eles me 'mataram' mais uma vez", contou ela em seu perfil no Instagram na última segunda-feira (28), quando foi tomar a dose de reforço da vacina em Porto Alegre (RS). No sistema, a atualização não pôde ser realizada porque ela constava como morta. "Não tem como registrar a vacina depois da data de óbito", diz ela. Por isso, saiu apenas com o cartão físico atualizado.

À coluna, o Ministério da Saúde não confirma que o ocorrido foi devido a um ataque hacker. Ao contrário, informou, por meio de nota, que "as alterações indevidas realizadas no Sistema de Cadastramento de Usuários do Sistema Único de Saúde (CadSUS) já foram corrigidas e que a credencial de acesso utilizada para as alterações foi devidamente bloqueada".

Procurada, a Secretaria de Saúde de Porto Alegre, responsável pelo cartão de vacinação, não respondeu aos questionamentos enviados.

"Vocês têm ideia do grau de exaustão que me sinto? Nos últimos anos fui morta no sistema algumas vezes. Sei que essa morte é a expressão mais profunda dos desejos bolsonaristas mas eu, como cidadã, preciso enfrentar uma guerra de guerrilhas infinitas para ter um direito básico garantido", escreveu ela.

O sistema do Ministério da Saúde já esteve ao menos duas vezes no alvo de hackers. Em dezembro do ano passado, o site da pasta e os aplicativos ficaram fora do ar devido a um ataque em que os hackers pediam dinheiro em troca do resgate dos dados. O aplicativo Conecte SUS ficou fora do ar por 13 dias, o que impossibilitou o acesso ao cartão de vacinação, dentre outras informações.

Já o sistema de dados do Ministério da Saúde foi restabelecido depois de mais de um mês fora do ar. Na época, a pasta informou que não houve perda de dados.

Em maio, o acesso às plataformas Conecte SUS, e-SUS Notifica e SI-PNI ficou suspenso por cerca de 24 horas depois que o Departamento de Informática do SUS identificou uma tentativa de invasão à plataforma.