Marina Rossi

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Reportagem

Homens só se igualam às mulheres em tarefas do lar quando vivem sozinhos

Os resultados da PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostras de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada nesta sexta-feira (11) mostram que a divisão das tarefas domésticas ainda segue muito desigual no Brasil. Para os homens, morar sozinho significa maior intensidade de horas dedicadas aos afazeres domésticos, mas esta é a única condição em que a realização das tarefas de casa por eles se assemelha à das mulheres. Para elas, é justamente o contrário: viver com mais alguém da família torna o tempo dedicado a essas atividades ainda maior.

A presença de filhos em casa pode ser um dos fatores que explicam, em parte, essa maior demanda para as mulheres. No entanto, o levantamento identificou que o cuidado de crianças de zero a 14 anos diminuiu, enquanto o de adultos e idosos aumentou. "A gente não esperava essa redução no cuidado de pessoas", diz Alessandra Brito, analista do IBGE. "Há duas hipóteses para isso: há mais pessoas no mercado de trabalho, então os cuidados com os filhos acabam sendo terceirizados, e a queda no número de filhos ocorrida durante a pandemia".

Independentemente de filhos, mais mulheres seguem dedicando mais horas aos afazeres domésticos que os homens. Entre aquelas que não têm uma ocupação no mercado de trabalho, foi observado que elas dedicaram quase cinco horas por dia às tarefas domésticas. Já os homens na mesma situação não chegaram nem a três horas diárias.

Os números mostram que a dupla jornada continua sendo uma realidade muito mais presente para elas. Entre homens e mulheres que trabalham fora, elas dedicam, em média, quase sete horas semanais a mais do que os eles aos afazeres domésticos.

O resultado é que o trabalho fora de casa acaba sendo sacrificado por elas em decorrência das atividades do lar. Enquanto que, para eles, realizar ou não tarefas domésticas ou cuidar de pessoas interfere pouco na média de horas trabalhadas fora, o cenário muda para elas. As mulheres acabam reduzindo em quase duas horas por semana, em média, a jornada laboral para que consigam acomodar toda a rotina de cuidados domésticos com o trabalho fora de casa. "Neste caso, ou elas têm um trabalho mais flexível, ou são contratadas para trabalhar por menos horas semanais", explica Alessandra.

Apesar de os números revelados apenas reafirmarem uma realidade já consolidada de desigualdade nas divisões das tarefas de casa, lentamente alguns indicadores estão mudando. Alessandra Brito conta que, desde o início da série histórica, em 2016, a diferença de horas dedicadas aos afazeres domésticos entre homens e mulheres vinha subindo.

"Sempre foi acima de dez horas essa diferença. Mas agora, pela primeira vez, notamos que caiu", conta. Assim, se hoje as mulheres dedicam 9,6 horas a mais que os homens aos afazeres domésticos, em 2019 essa diferença era de 10,6 horas. Uma redução ainda tímida, mas puxada, especialmente, pelos homens com maior grau de escolaridade.

Outro dado positivo foi o aumento do trabalho voluntário nas cinco regiões do país: 7,3 milhões de brasileiros com mais de 14 anos estão envolvidos nessa atividade. "Pode ser um perfil novo pós-pandemia", afirma Alessandra.

Dentre os afazeres domésticos listados pelo IBGE na pesquisa estão os relacionados a cozinhar e lavar a louça, lavar roupas, fazer pequenos reparos no domicílio, limpar a casa, cuidar da administração de contas e empregados, fazer compras e cuidar de animais domésticos.

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Já nos cuidados com pessoas, entram no escopo atividades como alimentar, vestir, dar banho, auxiliar nas atividades educacionais, brincar, fazer companhia dentro do domicílio, transportar ou acompanhar para escola, médico, exames, dentre outras tarefas de cuidados. Neste caso, 35% das mulheres afirmaram realizar alguma dessas atividades. Entre os homens essa taxa foi 23%

A pesquisa não foi realizada em 2020 e nem em 2021 em decorrência da pandemia.

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