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Você não pode fazer seu filho feliz, felicidade é uma realização pessoal

Toda mãe deseja que seu filho seja feliz. Esse desejo, tão natural e instintivo, muitas vezes nos leva a acreditar que é nossa responsabilidade fazer tudo ao nosso alcance para garantir a felicidade deles.

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No entanto, por mais que isso possa parecer uma missão de amor, precisamos entender que não podemos fazer nossos filhos felizes. A felicidade é uma conquista pessoal e interna, e tentar assumir essa responsabilidade por eles pode ter o efeito oposto.

A felicidade é um processo interno

O que acontece é que a felicidade não é algo que podemos entregar a alguém. Ela é resultado de processos internos, de conquistas pessoais e do enfrentamento das adversidades. No meu livro "Amor maior que o Meu", explico que a felicidade está profundamente ligada a fatores biológicos e emocionais que precisam ser vivenciados por cada pessoa.

Neurotransmissores como a serotonina e a endorfina, por exemplo, são liberados quando superamos desafios e sentimos que conquistamos algo com esforço. Quando tentamos evitar que nossos filhos passem por dificuldades ou fazemos tudo por eles, estamos, na verdade, tirando a chance de que experimentem esse processo de forma genuína.

Ao longo da infância, e mesmo na adolescência, é essencial que as crianças sejam incentivadas a resolver problemas sozinhas, a tomar decisões e a aprender com seus próprios erros. Isso não só contribui para o desenvolvimento da autonomia, mas também ativa no cérebro deles a "química da felicidade" — o reconhecimento interno de uma realização própria. Quando permitimos que nossos filhos façam suas próprias conquistas, estamos ajudando a criar adultos emocionalmente equilibrados e mais felizes.

A felicidade verdadeira vem do senso de realização pessoal, e isso só é possível quando temos a chance de tentar, errar e aprender.

Quando fazemos demais por nossos filhos, enviamos a mensagem de que eles não são capazes de lidar com seus próprios problemas. Isso pode criar um ciclo de dependência emocional e dificultar o desenvolvimento da autoconfiança.

Portanto, dê ao seu filho responsabilidades compatíveis com sua idade e a liberdade de tomar pequenas decisões. Desde a escolha das roupas até decisões sobre o que fazer no tempo livre, esses pequenos atos de autonomia têm um impacto enorme no senso de realização e, consequentemente, na construção de uma felicidade verdadeira.

Não coloque sua felicidade nas mãos do seu filho

Assim como não podemos fazer nossos filhos felizes, eles também não podem ser a única fonte de nossa felicidade. Muitas vezes, como mães, depositamos neles todas as nossas expectativas e vivemos em função de suas conquistas. No entanto, é fundamental lembrar que precisamos de realizações e atividades próprias para manter nosso equilíbrio emocional.

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Entenda a importância de não nos anularmos como mulheres em prol da maternidade. Ser mãe é uma parte significativa de quem somos, mas não pode ser tudo. Quando deixamos de lado nossos interesses pessoais e passamos a viver exclusivamente pelos filhos, estamos criando um ciclo de dependência emocional que pode ser prejudicial para nós e para eles.

O equilíbrio entre vida pessoal e maternidade é crucial para sermos mães mais saudáveis e, consequentemente, capazes de guiar nossos filhos para uma vida emocionalmente equilibrada.

A melhor maneira de ensinar nossos filhos a serem felizes é mostrar o caminho através do exemplo. Cultive seus próprios hobbies, interesses e amizades. Mostre a eles que a felicidade é algo que construímos ao longo da vida, e que cada um é responsável por buscar suas próprias fontes de alegria e realização.

No final das contas, amar verdadeiramente nossos filhos é ajudá-los a encontrar o próprio caminho para a felicidade, e não tentar trilhar esse caminho por eles. Nossa missão é dar as ferramentas e o apoio emocional necessário, mas jamais assumir a responsabilidade de fazer com que sejam felizes. Isso é algo que cada um de nós deve conquistar por conta própria.

*Monica Romeiro é a criadora do Almanaque dos Pais. Ela é comunicóloga, palestrante, empresária, conselheira parental e escritora de "Vem cá me dar um abraço - um colo de mãe para mãe" e "Amor maior que o meu - o que você mais, ser mãe ou seu filho?".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.