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De relação abusiva a dona de festas de swing: conheça a história da Camila
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Há alguns anos, conheci a Camila online, pelo Instagram. Por DM trocamos algumas mensagens e, em determinado momento, ela contou - como quem não quer nada - que ela e o marido promoviam festas secretas de swing em mansões e resorts. Aquilo, claro, despertou a minha curiosidade.
Fui olhar suas fotos e me surpreendi. E aqui admito que a surpresa foi motivada por puro preconceito. Esperava encontrar um típico casal do swing: um homem mais velho e uma esposa nova, super em forma, com um corpo super padrão. Mas aí, encontrei a Camila e o Edgar: um casal comum, gente como a gente. Ela, com 120 quilos, esbanjando sensualidade e autoconfiança, ao lado do Ed transmitiam naquelas fotos uma relação tranquila, sem a ansiedade de quem - através do swing - geralmente quer devorar o mundo a cada noite de festa.
Depois, ainda tive a oportunidade de conhecê-los ao vivo, entrevistá-los, trabalhar com com os dois em diferentes projetos e, aos poucos, fui conhecendo mais da sua história que, diga-se de passagem, é digna de livro.
E, por isso mesmo, recentemente, eles resolveram publicar de fato um livro, contando como Camila saiu de um relacionamento abusivo e violento do primeiro casamento, passou por um longo processo de redescoberta da sua sexualidade e dos seus desejos, para então passar a comandar uma sociedade de swing com mais de 300 casais.
E a história dela, no livro, começa justamente no início de seu primeiro casamento. O marido, que até o dia do matrimônio se comportava como um príncipe, a agrediu na lua de mel. E a situação só piorou, com abusos físicos e verbais que, além do relacionamento, afetaram profundamente a relação da Camila com a sua religiosidade, já que os dois tinham se conhecido dentro da igreja. Ela, que sempre foi uma mulher de muita fé, e continua assim, teve que lidar com duas rupturas, a da idealização daquela da relação e do apoio que ela esperava, e acabou não tendo, do seu ministério.
"Foi um momento difícil, pois eu estava me divorciando não só do meu marido, mas da minha religião. Mesmo ele assumindo para o ministério da igreja, composto só de homens, todos os abusos e violência, queriam que eu o perdoasse, pois divórcio não era uma opção na visão da igreja. Mas foi nesse momento decidi ser livre e, depois disso, a minha vido começou a mudar."
Diante desse cenário de abandono de quem deveria estar lá para acolhe-la, Camila reencontra Edgar, uma paixão antiga do passado. E eles decidem recomeçar e estabelecer uma relação de suporte mútuo para enfrentar seus traumas.
Camila reforça que o processo foi longo, lento e exigiu muita paciência e calma de ambas as partes:
"Edgar casou com uma mulher ferida, traumatizada e cheia de gatilhos; uma mulher que não gostava mais de sexo e que tinha muito medo e vergonha do próprio corpo. Com muita paciência ele me lembrou quem eu era, e a cada dia me mostrava todas as qualidades que haviam em mim."
Ainda assim, em muitos momentos, Camila chegava a se questionar se, todo aquele acolhimento tinha segundas intenções. Afinal, a sua capacidade de confiar ainda estava abalada:
"Quando meu segundo esposo começou a incentivar minha liberdade fatalmente desconfiei, mesmo que por breve momento, que ele estivesse fazendo isso para conseguir liberdade de fazer o mesmo.
Mas aos poucos, demonstrando amor, paciência e que não desistiria de mim, ele me ajudou a perder vergonha do meu corpo, me deu liberdade para descobrir minha sexualidade e foi por estar do meu lado, mesmo nos momentos mais difíceis, que juntos nos curamos."
No livro, há um capítulo ótimo em que Camila conta da sua primeira experiência de relação liberal, um ménage com outro homem. Insegura, ela quase desistiu do encontro até o último momento, pois não se sentia bonita o suficiente para viver essa experiência, tinha medo de decepcionar o convidado para aquela noite. Quando o encontro finalmente se concretizou, ela descobriu que ele tampouco se encaixava num padrão ideal de beleza e tinha enviado a ela fotos que omitiam certas características que também podiam decepcioná-la.
No fim, o encontro - descrito em detalhes no livro - foi transcendental. Começou ali a sua jornada no meio do swing e isso a ajudou a ressignificar a sua relação com o próprio corpo:
"No swing eu precisei lidar com a opinião das pessoas, então hoje, o julgamento de alguém na praia sobre meu corpo gordo de biquíni é o que menos me importa. Eu não passei amar meu corpo 100%; eu parei de me importar com o que acham sobre mim. Quando eu entrei em uma rede de swing percebi que as pessoas que lá estavam transcendiam esse padrão estético . Acabei descobrindo logo no meu primeiro contato que existem gostos diversos e que as pessoas no meio liberal são muito respeitosas. É óbvio que existem pessoas que não gostam do meu perfil, e está tudo bem. Cada um fica na sua vibe."
"Sempre digo que o corpo mais lindo é aquele que nos faz descobrir o mundo! Ocupar a mente e o corpo se divertindo e fazendo coisas que deixarão lembranças deliciosas na velhice é essencial, pra não dar nem tempo de ficar procurando defeitos na gente."
É claro que, no meio liberal, nem tudo são flores. E foi justamente por reconhecer que, nesse meio, ainda há muito preconceito, tabu e moralismo (muitas vezes velado), que ela resolveu criar a sua própria comunidade:
"Criei uma rede de apoio para que uma mulher liberal não precise desabafar com a colega do trabalho sobre o que deu errado na noite swinger. Na Voluptas as pessoas encontram amigos que pensam como elas. Promover as festas têm sido uma forma de mostrar às pessoas que as fantasias sexuais podem ser vividas sem pressa, com elegância e muito mais segurança. É possível um casal conhecer outro casal, solteiro ou solteira e descobrir afinidades, ter tempo de conversar e então decidir se quer mesmo interagir. Nas casas de swing isso raramente ocorre. Na nossa pequena comunidade, nos tornamos uma família liberal."
Se quiser conhecer mais (e há muito mais) a história da Camila Voluptas, você pode adquirir o livro físico ou o ebook.
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