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Mayumi Sato

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Giovanna Ewbank se diz demissexual: o que pensa quem se encaixa no termo?

Giovanna Ewbank - Reprodução/Instagram
Giovanna Ewbank Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista de Universa

09/10/2022 04h00

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Durante entrevista ao podcast "Quem pode, pod", a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank revelou ser demissexual. Casada com o também ator Bruno Gagliasso, ela contou que antes do marido, teve apenas quatro parceiros e que só conseguia se relacionar sexualmente com homens quando desenvolvia algum tipo de sentimento: "Tem que ter sentimento para transar com a pessoa", explicou a atriz.

É importante dizer que a demissexualidade não tem relação com o gênero que a pessoa tem interesse, mas sim com a forma como esse interesse surge. Segundo definiu o doutor Jairo Bouer, uma pessoa é classificada como demissexual quando "a atração sexual tende a se manifestar só quando há um laço afetivo ou emocional. Isso significa que a pessoa não sente interesse sexual apenas pelo prazer, mas precisa ter alguma emoção conectada [...] Nem todo mundo consegue sair por aí transando com quem vê pela frente e se excitando rapidamente", contou.

Para entender mais sobre o assunto, conversei com João Neto, 25 anos, criador do perfil @oisomosdemissexuais. Ele me contou que antes de conhecer a demissexualidade, se via "como uma pessoa seletiva".

Segundo ele, o entendimento em ser demissexual foi uma descoberta: "Em 2018, pesquisando sobre sexualidade, me deparei com a demissexualidade em um blog sobre assexualidade. Depois passei a frequentar grupos sobre assexualidade e demissexualidade no Facebook, que me ajudaram a ter contato com outras vivências, entender que o campo da assexualidade é muito amplo e passível de muitas histórias", explicou.

Demissexualidade - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
João Neto, criador do perfil @oisomosdemissexuais
Imagem: Arquivo pessoal

João conta que a falta de romance e até mesmo sexo nunca foi uma cobrança própria. "As cobranças sempre vieram das outras pessoas, principalmente por não entenderem a demissexualidade e acharem que estou "perdendo tempo" ou atrasado em relação aos outros. Nada mais que consequência de vivermos em um país altamente sexualizado", explicou.

Ele contou ainda algumas dúvidas que teve quando se entendeu demissexual: "As principais dúvidas no começo eram se existiam mais pessoas como, para assim, poder trocar experiências e ver a possibilidade de encontros. Outra dúvida é como seria explicar isso para amigos ou familiares, transformar algo que parece tão complexo em algo sensível e importante pra mim".

No Instagram, João conta que o principal objetivo da página é compartilhar suas vivências e encontrar outros demissexuais. Por lá, o influenciador também recebe perguntas dos seguidores: "As principais dúvidas são 'posso ser demissexual e ter outra orientação?' Sempre respondo que a demissexualidade é uma orientação sobre atração sexual e não orientação sexual. Então sim, você pode ser demi e ter qualquer outra orientação sexual. Por isso a diversidade de vivências e que ainda considero um campo em construção."

O criador do "Oi, somos demissexuais", reforça ainda que "o que falta realmente no nosso país é uma educação sexual de qualidade que possibilite o conhecimento dos seus corpos e vivências. Assim a demissexualidade sairia desse campo do estranho, engraçado e dos estereótipos".

No Instagram, conversei com Luiza (nome fictício) e Laís. Ambas demissexuais, pontuam que não há certo ou errado na hora de sentir atração por alguém.

Segundo Luiza, "um ponto importante é que os demissexuais são considerados um espectro da assexualidade. Eu acho isso ruim, um certo juízo de valor de que a forma 'correta' de sexualidade é não ter conexão e se você necessita de conexão é porque está mais longe da sexualidade e próximo da assexualidade; sendo que na verdade, pessoas demissexuais podem ter uma sexualidade aflorada, desde que condicionada à conexão".

Já Laís, diz que vê a demissexualidade como uma preferência: "Vivemos em uma sociedade onde a sexualidade é construída a partir da pornografia, do consumo e da objetificação de corpos, o que muitas vezes leva a uma desconexão com a individualidade do outro e uma fixação em um suposto sexo sem compromisso [...] Eu não consigo sentir desejo por alguém que não conheço".

Você já conhecia a demissexualidade? Deixa aqui nos comentários a sua opinião!

Mayumi Sato